Quem esquece do primeiro livro hot? Cinquenta Tons de Cinza foi o primeiro livro hot que li. Consequentemente, como boa "cri cri" que sou, mantive uma relação de amor e ódio com Ana, a personagem principal, em razão de seu jeitinho "frágil" e sua falta de posicionamento.
Sempre que lemos levamos um pouco de nós para leitura. Sendo assim, quem não sente vontade de ler algo e se identificar com os personagens? Por esse motivo, a mocinha indecisa e sua "deusa interior" de Cinquenta Tons não me representam, mas mantenho certo carinho pelo livro. No decorrer da historia, Ana evolui, amadurece, mas o livro continua morno com alguns trechos que parecem que só estavam ali com a intenção de fazer volume.
Diferente da Ana do livro, Anastasia Steele no filme é muito mais interessante que a personagem que E.L James nos apresenta; o querido Sr. Grey das telonas também não me convenceu que era o poderoso CEO que tinha tudo que queria como o livro descreveu.
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(Imagem retirada do site Uol) |
São dois pontos engraçados e um dos motivos que nós, leitores ferrenhos, sempre falamos "o filme não substitui o livro" e vice versa. Geralmente o filme só se baseia na história geral e acaba seguindo alguns caminhos diferentes.
Vale lembrar que no filme, a única coisa que não foi fiel ao livro foram as atitudes da Srta Steele e do Sr Grey, como citados acima. Anastasia está bem menos "sem ação" enquanto Cristian me pareceu sem pegada.
Apesar do carinho que tenho por Cinquenta Tons, consigo ver essas falhas que citei e com o tempo ele saiu da lista dos meus preferidos, principalmente depois que a tia Megan Maxwell surgiu em minha vida com a mocinha espanhola mais quente que já vi, tive que me render a ela, a diva Judith Flores da trilogia "Peça-me o que Quiser", mais conhecida como Jud.
Diferente de Ana, Jud sabe o que quer e não é nada inocente, cede ao seu CEO bonitão, Eric Zimmerman - o Iceman- mas deixa claro suas condições, ainda que se deixe levar muitas vezes pelo desejo. O desejo nesses livros sempre fala mais alto do que a própria sanidade. Ainda assim, Jud chega a mandar o bonitão para lugares bem feios quando se desentendem e isso o desafia e deixa ainda mais sem noção, ninguém até então o desafiou tanto!
(Capítulo 28 - Livro Peça-me o que quiser. O jeitinho doce de Jud <3)
A Srta. Flores está mais próxima do que as mulheres de verdade são, ela é independente, não abaixa a cabeça, xinga, chora, sabe dizer não, tem dúvidas e faz o que quer. Jud tem 25 anos e Ana 21, além da diferença de idade e personalidade, elas são diferentes também em suas experiências. Ana é virgem e insegura, enquanto Jud não é virgem e sua insegurança não interfere em suas ações. Em razão das experiências e personalidades, acredito que não seria possível introduzir no "Peça-me" uma mocinha como Ana e vice versa.
Cinquenta tons aborda o sadomasoquismo água com açúcar e peça-me aborda Swing e troca de casais, logo, pro segundo tema seria improvável que uma mocinha sem experiência topasse entrar nesse mundo, não que seja impossível, levando em consideração a verdade proposta em cinquenta tons que para muitos também está bem fora da realidade.
Apesar do Peça-me ser chocante num primeiro momento, Megan Maxwell consegue quebrar tabus com seu enredo e te faz entender que na realidade o que um casal faz em quatro paredes só interessa a eles. Ponto pra ela! Enquanto em Cinquenta Tons tive dificuldade de absorver algo "bom" e ainda fiquei com a sensação que a relação de Ana e Cristian era extremamente abusiva.
Costumo levantar a bandeira da desconstrução, acredito que apesar de levarmos um pouco de nós para tudo que lemos, temos também que encarar a verdade de cada história. A relação de Ana e Cristian é sim abusiva, mas se pudesse citar um ponto positivo do enredo, citaria a abnegação de Ana e a fé no amor, o que a motivou a ficar e buscar cura para as feridas de Gray, que segundo ele "era fodido em Cinquenta Tons de Cinza". Em contrapartida, essa abnegação indica que uma mulher é capaz de mudar um cara. Por isso a ideia se torna abusiva, tendo em vista que hoje muitas mulheres se mantêm em relações abusivas por acreditarem nessa "verdade".
Alguns autores têm dificuldade de fazer o leitor acreditar no que as páginas relatam, enquanto outros têm facilidade e te fazem comprar a verdade descrita, pontuo isso respectivamente à Cinquenta Tons e ao Peça-me.
Entretanto, gostar ou não de algo só depende de nós. Então se jogue nos diferentes temas literários e aproveite a leitura!
Pra não esquecer: nunca julgue um livro pelo filme.
Bjs e boa leitura :*