Não Conte para a Mamãe - Toni Maguire

13 de abril de 2016

Autor:Toni Maguire
Páginas: 308
Ano: 2012
Editora: Bertrand Brasil
Adicione: Skoob


Sinopse: Quando aconteceu pela primeira vez, a pequena e inocente Antoinette tinha apenas seis anos. Apesar da tenra idade, tudo ficou gravado em sua memória, o tempo nada dissipou: os detalhes, os sentimentos, a dor. Foi a primeira de muitas, incontáveis vezes.Não conte para a mamãe, de Toni Maguire, desvela a comovente história de uma infância idílica que mascarava uma terrível verdade. Escondidos sob as boas maneiras da mãe inglesa e o charme do pai irlandês havia segredos horripilantes, que quase destruíram sua filha única.
Antoinette foi constantemente violentada pelo próprio pai, que lhe pedia que não contasse nada para a mãe. Tinha de permanecer “o nosso segredo”. E mais, a advertia de que se mantivesse calada, pois a culpariam e deixariam de amá-la. Mas Antoinette conseguiu reunir forças e decidiu desobedecê-lo. E, quando o fez, a mãe, a pessoa a quem mais amava e em quem mais confiava, foi taxativa: “Nunca, nunca mais fale disso de novo, está bem?” A negligencia no momento de maior desespero da filha foi a porta de entrada para uma infância de horror, em que, além dos abusos, havia o descaso, o sadismo, a violência física e o assédio moral. Tudo isso dentro de casa, provido pelos próprios pais.
Sem ninguém a quem recorrer, morando com eles no interior da Irlanda, os abusos continuaram. Aos catorze anos, Antoinette engravidou e foi obrigada a fazer aborto de uma gravidez avançada, o que quase a matou. Com isso, a verdade sobre sua infância já não pôde mais ser mantida em segredo, mas, como o pai previra, ela se viu julgada e rejeitada pela própria família, por seus professores e amigos. Passaram a tratá-la com raiva, como se fosse culpada.
Toni Maguire – a Antoinette adulta, que abandonou o nome de batismo como quem desejava apagar o passado – entremeia neste livro momentos do presente, quando acompanha a mãe em seu leito de morte num asilo e o que mais deseja é ouvir dela o pedido de perdão, com momentos do passado, ao dar a voz “a criança que um dia foi.
Não conte para a mamãe, de Toni Maguire, é um livro de cortar o coração, porque é a história de uma infância de terror narrada em primeira pessoa, e a viagem emocional aos primeiros anos de uma mulher com marcas indeléveis no corpo e na alma. 



Resenha: O livro começa com a visita de Antoinette, já adulta, a sua mãe que se encontra hospitalizada. É nesse contexto que se inicia uma retrospectiva, uma verdadeira avalanche de memórias na cabeça de Toni.

Ela volta a sua infância e, com muita dor, relata o sofrimento, o sentimento de culpa e, acima de tudo, a raiva incontida pela ausência de um pedido de perdão de sua mãe.

Os primeiros relatos trazem dados comuns: um elefante de pelúcia vermelho ganhado de presente aos 4 anos, Judy , sua nova cachorrinha, as visitas da avó, e a visão que Toni tinha de seu pai, um homem forte que passara anos no exército e ao sair de lá resolveu mudar de vida, o que, de certa forma, era maravilhoso para a família, tê-lo mais tempo em casa, a família mais unida. Porém, junto com essa novidade veio a bebida, o jogo e a dificuldade de achar um emprego.

Esse pai começa a descontar sua raiva e frustração na pequena Toni e aí começam os abusos. Aos 6 anos de idade, Toni passa a conhecer o terror de noites mal dormidas com medo das visitas noturnas de seu pai, o medo de algo que nem entendia direito o que era, mas sabia ser errado, o sentimento de culpa surgido a partir da fala de seu pai de que ninguém acreditaria nela e que aquilo era por sua culpa, e, acima de tudo, a sensação de solidão e desamparo por não ter o apoio de sua mãe quando lhe resolve contar...
Ouvi mais uma vez a voz de mamãe me ordenando: "Nunca, nunca mais fale isso de novo, está bem?"
Eu a ouvi responder (Toni criança): "Está bem, mamãe".
Os abusos continuam por anos a fio e Toni até tenta lutar contra, porém cada vez mais ficam piores e mais violentos, então não lhe resta nada a fazer, somente aceitar que esse monstro faça o que quer e que termine o mais rápido possível.

Toni engravida aos quatorze anos. É forçada a fazer um aborto e recebe a triste notícia de que nunca mais poderá gerar uma vida! E quando acha que o inferno terá fim, constata que seu pai tinha razão: seus amigos, família e conhecidos a julgam e a sentenciam culpada!

Seu pai vai a julgamento sendo declarado culpado e, diante de tantas provações, Toni acaba sucumbindo e vai parar em uma clínica psiquiátrica onde passa três meses internada. Volta para casa e sua mãe, que algum tempo depois é hospitalizada.

Será que em seu leito de morte ela finalmente reconhecerá parte de sua culpa? Será que finalmente pedirá perdão? Afinal de contas, só lhe restara Toni.


Sim... eu sou daquelas leitoras que muitas vezes compram o livro pela capa. E não foi diferente com este. O olhar daquela garotinha na capa me disse muito mais que qualquer sinopse diria. A ausência dos traços de sua boca indicava um silêncio imposto, um fardo pesado demais para uma criança inocente.

Sem pensar comprei!

Resultado: uma leitura regada a lágrimas de desespero, raiva, compaixão e, acima de tudo tristeza por saber que muitas Antoinettes padecem por aí, silenciosamente em seus casulos construídos por monstros que fazem uma criança de 6 anos acreditar que a culpa por ser abusada sexualmente, psicologicamente e fisicamente é dela mesma e de mais ninguém.

Não conte para a mamãe com certeza é um livro forte, daqueles que enquanto lê prende a respiração e soluça convulsivamente inconformada com a constatação de que aqueles que deveriam proteger seus filhos, a apresentaram a um mundo repugnante!
"Eu sentia segurança no amor de minha mãe. Eu a amava, e ela, eu sabia, me amava. Ela mandaria ele parar. Mas não mandou."
Toni Maguire conseguiu me tocar profundamente com sua narrativa, me fazendo desejar que histórias como essas, tão comuns nos dias de hoje, nunca tivessem existido!

18 comentários

  1. Esse livro é dolorido de ler, gostei dele, é um livro que explora um assunto delicado, que muitas pessoas já passaram, mas se calam e até entendemos.
    É um livro forte como mencionou e um livro que faz a gente refletir.
    Beijinhos, Helana ♥
    In The Sky, Blog / Facebook In The Sky

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    1. Verdade Helana! Foi doloroso lê-lo, porém é muito rico para refletirmos e sabermos detectar pequenos sinais que esses anjinhos nos dão! Chorei litrossss!!!

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  2. Nossa que intenso, deve ter sido muito complicado ler esse livro, eu teria sérios problemas.
    E muito dificil abordar determinados assunto em um livro mas pelo que li deu pra ver que a autora soube explorar o assunto, parabéns está muito boa a resenha.

    Beijos

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    1. Muito obrigada, Karine! E sim, foi bem complicado lê-lo... porém eu quis entrar em contato com essa realidade e nada melhor do que ler um livro cuja escritora é a protagonista! Toni conseguiu reviver sua triste infância e fazer-me penetrar da forma mais intensa possível em suas memórias.

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  3. Oi..
    Eu sentir raiva só em ler sua resenha, fico abalada com isso..
    Saber que isso é tão real, que ainda acontece me deixa angustiada..
    Não sei se sou forte o suficiente para ler, mas tenho certeza que ele é ótimo.
    abraços,

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    1. Super recomendo o livro, Flávia. Porém, acho super importante que a pessoa esteja minimamente preparada para ter contato com essa situação de uma forma tão real que é impossível não se revoltar e se diluir em lágrimas. Tony não poupou detalhes e acredito que esse tenha sido um ponto crucial para que seu livro tenha tanto crédito! é a realidade nua e crua, sem floreios.
      Quem sabe um dia consiga lê-lo e assim, poderá vivenciar esse misto de sentimentos!
      bjus

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  4. Eu chorei lendo sua resenha!
    Na verdade, eu chorei já na sinopse do livro. Nem digo que não podemos imaginar que isso seja real, afinal sabemos bem o quanto o abuso e a violência está presente na infância de muitas crianças, escondidas entre segredos de uma sociedade hipocrita!
    Ao contrário de você, eu não compraria o livro pela capa, não me atraiu, mas compraria pela premissa, sem duvidas é uma história da qual podemos tirar muitas lições.

    www.detudopouco.com.br

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    1. Com certeza, Silvânia!
      Essa situação está tão presente na vida de muitas crianças e ao mesmo tempo tão ausente, ou melhor, implícita na nossa sociedade. É uma pena, porém é a realidade!

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  5. Caraca, só a sinopse já deu aquela pesada na alma. É inacreditável como esse tipo de coisa acontece tanto e o pior, sempre por alguém tão próximo.
    Adorei a capa e é o tipo de leitura carregada e densa que eu adoro, com certeza irei ler. Obrigada pela dica.
    Bjo
    www.viciadosemleitura.blog.br

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    1. Fico feliz Bianca por ter se interessado pela leitura! Tenho certeza que irá tirar muitas lições e fazer muitas reflexões.
      Espero que goste!
      bjus

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  6. Oie!
    Minha nossa, que livro intenso! Não sabia que a história era assim! Realmente, eu sou chorar muito durante a leitura desse livro! E só pela capa não dá para imaginar como é a história, muito bom!
    Bjks!
    Histórias sem Fim

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    1. Bastante intenso, Carla!
      A sinopse e a resenha é só uma pitadinha de todo o livro!
      É o tipo de livro que você termina de ler se joga na cama e fica sem reação olhando pro teto, remoendo o assunto e tentando entender como monstruosidades como essas ainda acontecem nos dias de hoje. E, pior, praticadas por pessoas que deveriam proteger esses anjos e não traumatizá-los por toda a vida.

      espero que goste da leitura!
      bjus.

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  7. Oi
    Tudo bom?
    Nossa, que intendo hein? Quanta dor essa menina não deve ter sentido durante a vida inteira. O mais triste é saber que isso acontece todos os dias, em todos os lugares =/ é difícil entender o que se passa na cabeça desses monstros!
    Excelente resenha Neide.
    Bjos

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    1. Olá, Laura! O livro é bem intenso mesmo! e a autora descreve detalhadamente todos os medos e angústias que sentiu na infância e tudo o que isso acarretou para o resto de sua vida.

      Muito Obrigada Laura!
      beijos...

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  8. Olá... que enredo forte!! Você já leu
    HOJE SOU ALICE
    também traz como premissa o mesmo assunto do livro que você resenhou, a diferença é que se trata de uma história verídica!!! É um livro bem interessante, porque nos conta como e o que a personagem fez para reagir ao longo de sua vida e como ela se encontra hoje!!! Apesar de ser um tema forte, também vale a pena a leitura!

    Parabéns pela resenha, gosto muito de ler livros diferentes e quando vejo isso nos blogs me anima muito!

    Bjs
    Keyla Vilela -
    Leituraterapia

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    1. Olá, Keyla! Ainda não li Hoje eu sou Alice, porém está na minha meta de leitura... estou tentando me desvencilhar um pouco desse gênero, rsrs. Acho que já li uns 8 consecutivamente. Gosto de livros cujos personagens são reais, e Toni Maguire conseguiu me prender do início ao fim com a narrativa de sua história. Não foi difícil sentir tudo o que ela sentiu no decorrer de sua vida.

      Muito obrigada!
      beijos.

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  9. Olá!

    Sério, já to com ódio da familia da Antoinette só pela culpa que eles puseram na criança! Eu não leria por causa da carga emocional investida e porque não suporto cenas de abuso, ainda mais contra crianças! Mas com certeza a leitura é recomendada, o mais triste é saber que temos tanas Antoinettes por aí sofrendo a mesma coisa!

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    1. Olá, Kamila.
      Com certeza houve esse sentimentos: raiva... entre muitos outros! Raiva por saber que essa história, que aconteceu já há algum tempo,ainda aconteça nos dias de hoje... que os abusos, na maioria das vezes, são praticados por pessoas que despertam na criança confiança e amor.. praticados por quem deveria protegê-los e não machucá-los.

      Muito obrigada!
      Beijos.

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