Quem Tem Medo do Feminismo Negro - Djamila Ribeiro

28 de agosto de 2018

Título: Quem Tem Medo do Feminismo Negro
Autor: Djamila Ribeiro
Páginas: 148
Ano: 2018
Editora: Companhia das Letras
Adicione: Skoob
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Nota:   
Sinopse: Quem tem medo do feminismo negro? reúne um longo ensaio autobiográfico inédito e uma seleção de artigos publicados por Djamila Ribeiro no blog da revista CartaCapital, entre 2014 e 2017. No texto de abertura, a filósofa e militante recupera memórias de seus anos de infância e adolescência para discutir o que chama de “silenciamento”, processo de apagamento da personalidade por que passou e que é um dos muitos resultados perniciosos da discriminação. Foi apenas no final da adolescência, ao trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, que Djamila entrou em contato com autoras que a fizeram ter orgulho de suas raízes e não mais querer se manter invisível. Desde então, o diálogo com autoras como Chimamanda Ngozi Adichie, bell hooks, Sueli Carneiro, Alice Walker, Toni Morrison e Conceição Evaristo é uma constante.

Muitos textos reagem a situações do cotidiano — o aumento da intolerância às religiões de matriz africana; os ataques a celebridades como Maju ou Serena Williams – a partir das quais Djamila destrincha conceitos como empoderamento feminino ou interseccionalidade. Ela também aborda temas como os limites da mobilização nas redes sociais, as políticas de cotas raciais e as origens do feminismo negro nos Estados Unidos e no Brasil, além de discutir a obra de autoras de referência para o feminismo, como Simone de Beauvoir.
Resenha:
Em Quem Tem Medo do Feminismo Negro, Djamila Ribeiro traz profundas reflexões sobre questões raciais associadas ao feminismo. Aborda também casos de racismo do cotidiano até os casos que ganharam destaque na mídia.

Logo na introdução temos um ensaio autobiográfico da autora onde ela nos mostra a sua trajetória como mulher negra que experienciou o racismo na pele, o silenciamento que viveu desde a infância e as consequências que isso gerou. Mais a frente ela nos conta como recuperou a ligação com as suas raízes - depois que começou a trabalhar na Casa de Cultura da Mulher Negra, onde ela passou a ter orgulho de quem é. Conta o quanto sua família foi importante para esse processo de autoconhecimento, principalmente a sua avó que lhe transmitiu ensinamentos valiosíssimos os quais ela carrega até hoje. Djamila, nesse momento introdutório, vai tecendo vozes que foram importantes para que ela hoje fosse capaz de lutar por seus ideais. Vozes que ecoaram de sua avó à sua filha, assim como no poema de Conceição Evaristo Vozes Mulheres.  É daí que vem o lugar de fala, é dessa experiência que vem a escrevivência*. É através também de suas memórias que é possível desconstruir o conceito de meritocracia, pois ninguém imagina o quão árduo foi a sua trajetória.



Em seu primeiro livro lançado pela editora Companhia das Letras, a filosofa e feminista reuniu artigos publicados no blog da Carta Capital entre os anos de 2014 e 2017. São 30 textos que abordam temas mais midiáticos como o caso da Serena Willians, o da Maju Coutinho ou do Marcelo Góis, e desconstrói mitos como o "racismo reverso" a "democracia racial brasileira". Todos pautados em referências teóricas de mulheres negras como Chimamanda Ngozi Adichie, Simone Beauvouir e Angela Davis. 

Djamila Ribeiro defende a ideia que deve haver um recorte para mulheres negras dentro do feminismo. Deve se reconhecer que nós mulheres negras somos mais suscetíveis ao machismo, pois somos a antítese da brancura e da masculinidade, algo que Grada Kilomba chamará de "outro do outro".
"...ser oprimido não pode ser utilizado como desculpa para legitimar a opressão." (Página 125)
Em "Quem Tem Medo do Feminismo Negro", a autora dá visibilidade social as mulheres negras, nome as opressões e responsabiliza tanto quem oprime quanto quem se cala diante das opressões. Desmistifica a ideia negativa que tem o termo "feminismo negro", que causa tanta aversão em algumas pessoas (privilegiadas).
"Nossa fala estilhaça a máscara do silêncio. Penso nos feminismos negros como sendo esse estilhaçar, romper, destabilizar, falar pelos orifícios da máscara." - Conceição Evaristo (Página 19)
O livro funciona muito bem como um Bê á bá para você compreender melhor do que se trata o feminismo negro, tem partes muito didáticas, mas também serve para aquelas que já são da militância a um tempo. Através de uma simultaneidade de vozes, a dela juntamente com as várias autoras citadas durante o livro, Djamila Ribeiro vai apontar para a necessidade que pessoas privilegiadas percebam o quão essencial e urgente é a luta das mulheres negras. Apesar de sermos tratadas como estrangeiras em nosso próprio país (página 137), segundo Patrícia Hill Collins isso nos possibilita estar num espaço de fronteira, num "não lugar" que pode ser doloroso, mas também um lugar de potência.

*Escrevivência = a experiência como moto ou motor da produção literária.





4 comentários

  1. Olá Cinthia!
    Tenho mto interesse qdo se trata do assunto, não entendo mto e pretendo me aprofundar mais nas leituras sobre..
    Vou add nos desejados!
    Bjs!

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  2. Oi, Cinthia,

    Essa mescla de casos famosos exemplificados versus experiências vivenciadas pela própria autora, é uma bela forma da autora aplicar seus ideais e passar uma mensagem de cunho importante,

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  3. Ola!
    Não conhecia esse livro mas já vi vários título que fala sobre feminismo. O livro tem uma premissa ótima e a história bem interessando. É um tema bastante comentando no tempo de hoje.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  4. Olá! Gostei muito da proposta do livro e achei uma leitura bem interessante e como autora consegue passar sua mensagem com relatos verdadeiros (infelizmente). Leitura obrigatória sem dúvida nenhuma.

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