Autor: William Shakespeare
Páginas: 245
Ano: 2016 (ano da edição)
Editora: Penguin Companhia
Gênero: Teatro Inglês
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:
Sinopse: Há muito tempo duas famílias banham em sangue as ruas de Verona. Enquanto isso, na penumbra das madrugadas, ardem as brasas de um amor secreto. Romeu, filho dos Montéquio, e Julieta, herdeira dos Capuleto, desafiam a rixa familiar e sonham com um impossível futuro, longe da violência e da loucura. “Romeu e Julieta” é a primeira das grandes tragédias de William Shakespeare, e esta nova tradução de José Francisco Botelho recria com maestria o ritmo ao mesmo tempo frenético e melancólico do texto shakespeariano. Contando também com um excelente ensaio introdutório do especialista Adrian Poole, esta edição traz nova vida a uma das mais emocionantes histórias de amor já contadas.
Resenha:
“Pois um conto mais triste o mundo não nos deu
Que a história de Julieta e seu amor, Romeu”
Romeu e Julieta é provavelmente uma das histórias mais conhecidas do mundo todo. Já teve adaptações para teatro, cinema, música, aparece até na Turma da Mônica. É uma história icônica de amor que foi eternizada por Shakespeare e perdura no tempo, sempre viva e presente no imaginário coletivo. Durante anos, desde que despertei o amor pelos contos do Bardo inglês, me peguei pensando qual seria a razão para a história ser tão famosa. Seria talvez a ideia de um amor impossível, proibido, e por isso intenso? Seria a tristeza de ver um casal tão jovem privado de uma vida de felicidade? Ou seria a intensidade com que eles decidem não viver um sem o outro, os levando a tirar a própria vida? Tenho para mim que as explicações são várias e elas têm relações com todos os aspectos de nossa existência.
Atualmente, eu gosto de dizer que para mim a história de Romeu e Julieta me transmite um sentimento de precipitação, como se estivéssemos andando em uma corda bamba. Mas andando precipitados, com pressa e por isso o equilíbrio é tão difícil. Os dois se conhecem, apaixonam, se amam, casam, se separam e morrem em apenas 3 dias. 3 DIAS! Se isso não é precipitação eu não sei o que é. E ao mesmo tempo em que tudo acontece num piscar de olhos, a forma como a narrativa é escrita nos dá a sensação de que acontece coisa demais para tão pouco tempo (o que de fato acontece, mas vai explicar isso pro nosso cérebro).
Essa ansiedade conversa com a gente. Afinal, nos dias de hoje encontrar alguém que não é visitado por essa nossa velha amiga é raridade. Queremos fazer tudo ao mesmo tempo, sem parar para pensar e respirar. Um segundo perdido pode ser um mundo de possibilidades jogado fora. O desejo pela vida é ligado ao fulgor da juventude e tanto Romeu quanto Julieta se entregam de olhos fechados a essa avalanche de novos sentimentos, movidos pelo calor do momento. Com certeza em algum instante de nossa breve existência pela Terra conseguimos nos identificar com isso. O amor deles é puro e genuíno, arrancando lágrimas de nossos olhos ao mesmo tempo em que aquecem nossos corações.
“Paixões violentas têm fins violentos
Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora
Que num beijo se consomem”
Depois que tive a oportunidade de ver essa versão da Penguin Companhia e ler a introdução de Adrian Poole (que é muito interessante e recomendo para todos por sinal) percebi outra coisa que ainda não tinha enxergado: uma crítica à severidade do matrimônio. Para uma época em que casar por amor era um luxo para poucos, contar uma história em que um casamento arranjado é um motivo para dois jovens se matarem é dar a cara a tapa. Shakespeare enfrenta os grandes senhores quando os coloca como os vilões de uma história de amor e declara para os sete ventos que a rixa, o ódio e o sentimento de posse em cima de um ser humano que claramente não pertence a ninguém além dele mesmo só termina em tragédia. É uma crítica talvez implícita e mascarada com música e teatro, mas acredito que ela está lá.
Romeu e Julieta é uma história de opostos, apresentando o embate entre a vida e a morte, a noite e o dia, a juventude e a velhice. Ela brinca com esses lados de uma mesma verdade, faz analogias e metáforas com a natureza de modo a dar cor e forma para sentimentos ainda nebulosos para o ser humano. É isso, a história é humana e traduz em seus personagens todos os cantos da natureza humana. Dá pra reparar que a mãe da Julieta, por exemplo, representa nossa insensibilidade, os pais de Romeu a indiferença, o pai de Julieta a arrogância e Páris e prepotência.
A verdade verdadeira é que a história fala com a gente e interpretamos a saga de Romeu e Julieta de acordo com as aspirações e sentimentos que vivenciamos no momentos. É completamente individual a forma como a enxergamos. Todas as vezes que me envolvo com a história sai uma experiência completamente diferente e essa que é a mágica da coisa toda. Ah, e a prioridade é sempre lê-lo em nossa língua materna, não só porque o inglês arcaico é a coisa mais difícil do planeta, mas porque as traduções sempre carregam consigo traços culturais que tornam a narrativa mais próxima de nós. Shakespeare é universal e atemporal.
Não cabe a mim fazer um resumo de algo tão conhecido por todos, então vou me ater em dizer que a edição trazida pela Penguin Companhia está incrível. A introdução apresenta novos olhares sobre a história, as notas de página são muito informativas e ajudam a compreender melhor o texto. Sem falar que eu amei o fato do texto ser hora em prosa, hora em verso. Só amores por uma narrativa tão querida ao meu coração.
Oi, Maíra,
ResponderExcluirSempre ouvi falar dessa clássica história, porém nunca cheguei a lê-la. Esse grau de intensidade entre os dois personagens, o ápice da paixão, faz com que o livro seja instigante. E, espero que algum dia eu possa lê-lo.
OI, Maíra!
ResponderExcluirSeu texto é maravilhoso e faz refletir sobre muitas coisas a respeito de relacionamento, precipitação, convenções sociais, preconceito, como você disse, numa história de tantos anos e que quase todo mundo conhece. Gostei bastante. Parabéns! Deu vontade de ler novamente! (rsrsrsr)
Grande abraço,
Drica.
Olá Maíra!
ResponderExcluirEu sempre tive vontade de ler a obra, apenas li na época da escola, já faz um tempinho, gostaria de ler novamente, quem sabe este seria uma leitura bacana...
Bjs!
Ola!
ResponderExcluirUma obra bem
Conheciada e quero muito ler, apesar de conhecer a história clássica né. Mas sempre lendo com certeza será uma experiência melhor!
Meu blog:
Tempos Literários
Olá! Já assisti muitas versões desse romance, mas ainda não tive a oportunidade de ler a obra (#vergonha). Essa edição está muito bacana, e gostei de saber que vem com notas informativas, o que vai facilitar e muito a leitura. Mesmo já sabendo todo o desfecho dos personagens vai ser enriquecedor ter esse ponto de vista da história.
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