Romeu e Julieta - William Shakespeare

29 de agosto de 2018

Título: Romeu e Julieta
Autor: William Shakespeare
Páginas: 245
Ano: 2016 (ano da edição)
Editora: Penguin Companhia
Gênero: Teatro Inglês
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:  
Sinopse: Há muito tempo duas famílias banham em sangue as ruas de Verona. Enquanto isso, na penumbra das madrugadas, ardem as brasas de um amor secreto. Romeu, filho dos Montéquio, e Julieta, herdeira dos Capuleto, desafiam a rixa familiar e sonham com um impossível futuro, longe da violência e da loucura. “Romeu e Julieta” é a primeira das grandes tragédias de William Shakespeare, e esta nova tradução de José Francisco Botelho recria com maestria o ritmo ao mesmo tempo frenético e melancólico do texto shakespeariano. Contando também com um excelente ensaio introdutório do especialista Adrian Poole, esta edição traz nova vida a uma das mais emocionantes histórias de amor já contadas.

Resenha:

“Pois um conto mais triste o mundo não nos deu
Que a história de Julieta e seu amor, Romeu”

Romeu e Julieta é provavelmente uma das histórias mais conhecidas do mundo todo. Já teve adaptações para teatro, cinema, música, aparece até na Turma da Mônica. É uma história icônica de amor que foi eternizada por Shakespeare e perdura no tempo, sempre viva e presente no imaginário coletivo. Durante anos, desde que despertei o amor pelos contos do Bardo inglês, me peguei pensando qual seria a razão para a história ser tão famosa. Seria talvez a ideia de um amor impossível, proibido, e por isso intenso? Seria a tristeza de ver um casal tão jovem privado de uma vida de felicidade? Ou seria a intensidade com que eles decidem não viver um sem o outro, os levando a tirar a própria vida? Tenho para mim que as explicações são várias e elas têm relações com todos os aspectos de nossa existência.

Atualmente, eu gosto de dizer que para mim a história de Romeu e Julieta me transmite um sentimento de precipitação, como se estivéssemos andando em uma corda bamba. Mas andando precipitados, com pressa e por isso o equilíbrio é tão difícil. Os dois se conhecem, apaixonam, se amam, casam, se separam e morrem em apenas 3 dias. 3 DIAS! Se isso não é precipitação eu não sei o que é. E ao mesmo tempo em que tudo acontece num piscar de olhos, a forma como a narrativa é escrita nos dá a sensação de que acontece coisa demais para tão pouco tempo (o que de fato acontece, mas vai explicar isso pro nosso cérebro).

Essa ansiedade conversa com a gente. Afinal, nos dias de hoje encontrar alguém que não é visitado por essa nossa velha amiga é raridade. Queremos fazer tudo ao mesmo tempo, sem parar para pensar e respirar. Um segundo perdido pode ser um mundo de possibilidades jogado fora. O desejo pela vida é ligado ao fulgor da juventude e tanto Romeu quanto Julieta se entregam de olhos fechados a essa avalanche de novos sentimentos, movidos pelo calor do momento. Com certeza em algum instante de nossa breve existência pela Terra conseguimos nos identificar com isso. O amor deles é puro e genuíno, arrancando lágrimas de nossos olhos ao mesmo tempo em que aquecem nossos corações.

“Paixões violentas têm fins violentos
Falecendo no triunfo, como fogo e pólvora
Que num beijo se consomem”

Depois que tive a oportunidade de ver essa versão da Penguin Companhia e ler a introdução de Adrian Poole (que é muito interessante e recomendo para todos por sinal) percebi outra coisa que ainda não tinha enxergado: uma crítica à severidade do matrimônio. Para uma época em que casar por amor era um luxo para poucos, contar uma história em que um casamento arranjado é um motivo para dois jovens se matarem é dar a cara a tapa. Shakespeare enfrenta os grandes senhores quando os coloca como os vilões de uma história de amor e declara para os sete ventos que a rixa, o ódio e o sentimento de posse em cima de um ser humano que claramente não pertence a ninguém além dele mesmo só termina em tragédia. É uma crítica talvez implícita e mascarada com música e teatro, mas acredito que ela está lá.

Romeu e Julieta é uma história de opostos, apresentando o embate entre a vida e a morte, a noite e o dia, a juventude e a velhice. Ela brinca com esses lados de uma mesma verdade, faz analogias e metáforas com a natureza de modo a dar cor e forma para sentimentos ainda nebulosos para o ser humano. É isso, a história é humana e traduz em seus personagens todos os cantos da natureza humana. Dá pra reparar que a mãe da Julieta, por exemplo, representa nossa insensibilidade, os pais de Romeu a indiferença, o pai de Julieta a arrogância e Páris e prepotência.

A verdade verdadeira é que a história fala com a gente e interpretamos a saga de Romeu e Julieta de acordo com as aspirações e sentimentos que vivenciamos no momentos. É completamente individual a forma como a enxergamos. Todas as vezes que me envolvo com a história sai uma experiência completamente diferente e essa que é a mágica da coisa toda. Ah, e a prioridade é sempre lê-lo em nossa língua materna, não só porque o inglês arcaico é a coisa mais difícil do planeta, mas porque as traduções sempre carregam consigo traços culturais que tornam a narrativa mais próxima de nós. Shakespeare é universal e atemporal.

Não cabe a mim fazer um resumo de algo tão conhecido por todos, então vou me ater em dizer que a edição trazida pela Penguin Companhia está incrível. A introdução apresenta novos olhares sobre a história, as notas de página são muito informativas e ajudam a compreender melhor o texto. Sem falar que eu amei o fato do texto ser hora em prosa, hora em verso. Só amores por uma narrativa tão querida ao meu coração.

5 comentários

  1. Oi, Maíra,

    Sempre ouvi falar dessa clássica história, porém nunca cheguei a lê-la. Esse grau de intensidade entre os dois personagens, o ápice da paixão, faz com que o livro seja instigante. E, espero que algum dia eu possa lê-lo.

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  2. OI, Maíra!

    Seu texto é maravilhoso e faz refletir sobre muitas coisas a respeito de relacionamento, precipitação, convenções sociais, preconceito, como você disse, numa história de tantos anos e que quase todo mundo conhece. Gostei bastante. Parabéns! Deu vontade de ler novamente! (rsrsrsr)
    Grande abraço,
    Drica.

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  3. Olá Maíra!
    Eu sempre tive vontade de ler a obra, apenas li na época da escola, já faz um tempinho, gostaria de ler novamente, quem sabe este seria uma leitura bacana...
    Bjs!

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  4. Ola!
    Uma obra bem
    Conheciada e quero muito ler, apesar de conhecer a história clássica né. Mas sempre lendo com certeza será uma experiência melhor!

    Meu blog:
    Tempos Literários

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  5. Olá! Já assisti muitas versões desse romance, mas ainda não tive a oportunidade de ler a obra (#vergonha). Essa edição está muito bacana, e gostei de saber que vem com notas informativas, o que vai facilitar e muito a leitura. Mesmo já sabendo todo o desfecho dos personagens vai ser enriquecedor ter esse ponto de vista da história.

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