Tudo Que Deixamos Para Trás - Maja Lunde

Título: Tudo Que Deixamos Para Trás 

Autor: Maja Lunde 

Páginas: 476 
Ano: 2016
Editora: Morro Branco 
Gênero: Distopia, Ficção Científica 
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:   

Sinopse: Em 1852, William é um deprimido biólogo inglês, que deseja criar um novo tipo de colmeia capaz de trazer reconhecimento para sua família. Em 2007, George é um apicultor americano que luta para manter o negócio produtivo e acredita que seu filho pode ser a salvação de sua fazenda. Em uma China futurista, quando todas as abelhas desapareceram, Tao trabalha com polinização manual. Enquanto passa seus dias pendurada em árvores, deseja para seu filho uma educação e vida melhores do que a sua. Mais do que uma distopia sobre o desaparecimento das abelhas, em que passado, presente e futuro se encontram, Tudo que deixamos para trás é uma poderosa história sobre o relacionamento entre pais e filhos e o sacrifício que fazemos por nossas famílias.

Resenha:

Protejam as abelhas!!! 

Na Inglaterra vitoriana de 1852, o naturalista William está empenhado em revolucionar a ciência da apicultura, e para isso pretende criar um modelo inédito de colmeia que poderia colocar o seu sobrenome no topo do mundo acadêmico. 

Já em 2007, George, um apicultor dono de uma fazenda que trabalha com polinização, vê no seu filho Tom a única maneira de não falir completamente.

E na China futurista de 2098, onde a extinção completa das abelhas impôs à sociedade o trabalho de polinização manual, Tao está empenhada em mudar o destino de seu filho, preparando-o desde muito cedo. 

Três histórias aparentemente isoladas em três realidades diferentes. Mas todas possuem algo em comum: abelhas.

Aclamado pela crítica e vencedor do Norwegian Booksellers Prize 2015, Tudo Que Deixamos Para Trás me deixou muito curioso com essa premissa distópica que soa completamente diferente de qualquer livro do gênero. E fiquei feliz com o que encontrei nessas páginas.

Antes de ler o livro, eu confesso que não tinha muita noção da importância dos insetos polinizantes. As abelhas e outras espécies são FUNDAMENTAIS para nossa existência, e na obra podemos ver que a exploração dessas pequenas criaturas produtoras de mel pode levar a consequências graves para a nossa sobrevivência. 

"Muito poucos tinham certeza sobre o que me aflingira, e, se tivessem suas suspeitas, talvez fossem levados à veneração e não ao desdém. Pois eu estivera cara a cara com meu fim, mas havia lutado e ressuscitado." 

Em relação ao plot de Tao, confesso que achei o mais fraco dos três. Apesar de termos uma boa introdução dessa China totalmente diferente e detentora da hegemonia mundial, os pontos de vista da personagem são bem cansativos, sem contar que vários não possuem desenvolvimento nenhum. 

No final do livro, com a revelação bombástica (nem tão bombástica assim), o ritmo melhora um pouco, mas é necessário persistência para prosseguir. 

"Tinha pensado que eu teria de escoher, mas eu daria conta das duas: tanto da vida como da paixão." 

Já o "presente" (posso dizer que 2007 é presente?) foi a parte que mais gostei. Além de aprendermos bastante sobre apicultura, existe um excelente arco sobre a relação de George com Tom e o drama acaba se destacando. 

As partes de William, que se focam na ciência e no pioneirismo do estudo sobre abelhas, também me cativaram bastante. Nem um pouco diferente do cenário atual, vemos como o mundo acadêmico é cheio de pessoas narcisistas, que se preocupam mais com títulos do que com a pesquisa em si. 

"Trabalhei com mãos calmas, tranquilas. Como ele. Ao lado dele." 

E Lunde foi além, pois abordou toda a questão do machismo e do conservadorismo que eram dominantes na época. Isso me deixou imensamente satisfeito, pois permitiu que a obra conseguisse equilibrar explicações científicas rebuscadas com a realidade do século XIX. 

A autora, mesmo deixando as partes mais relevantes para as páginas finais do livro, conseguiu me entreter tanto pela premissa das abelhas quanto pelos personagens, pois cada um deles teve sua história devidamente trabalhada.

"O que eu lhe pedia era pra que saísse. Fosse embora, me abandonasse. Pensasse em si mesma. Vivesse, não para mim, mas para ela." 

Por tudo isso, Tudo Que Deixamos Para Trás realmente faz jus a todos os elogios que recebeu. Trata-se de uma obra que nos deixa muito reflexivos acerca do futuro. Mas é fato que há muito tempo o homem têm explorado a natureza, numa ganância sem fim, que, se não for controlada a tempo, pode colocar a toda a humanidade em risco. 

Até a próxima resenha!