O Corvo - Edgar Allan Poe

11 de maio de 2019

Título: O Corvo
Autor: Edgar Allan Poe
Páginas:200
Ano: 2019
Editora: Companhia das Letras
Gênero: História, Crítica
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:  
Sinopse: “A morte de uma mulher bela é, sem sombra de dúvida, o tema mais poético do mundo.” Assim Edgar Allan Poe justificaria a gênese de “O corvo”, poema publicado sob pseudônimo originalmente em 1845. Mas o que faz com que esses versos hipnotizantes sobre perda e desejo, escritos de modo tão calculado pelo mestre do terror há quase dois séculos, tenham merecido tantos elogios e tamanha controvérsia?
Nesta edição, o leitor vai conhecer as traduções mais notáveis de “O corvo” para a nossa língua ― as de Fernando Pessoa e Machado de Assis ―, analisadas pelo poeta, tradutor e professor Paulo Henriques Britto, que também traduz três textos fundamentais de Poe sobre poesia (“A filosofia da composição”, “A razão do verso” e “O princípio poético”) e examina a faceta ensaística do escritor.


Este livro foi cedido pela Editora Companhia das Letras, porém as opiniões são completamente sinceras. Não sofremos nenhum tipo de intervenção por parte da Editora. 


Oi gente... quanto tempo!!!
Hoje venho falar com vocês de duas coisas que saem completamente da minha zona de conforto... poemas e sobrenatural.

Quem me conhece sabe que não tenho o hábito de ler nem a paixão necessária para entender e interpretar poemas e poesias... Não fui acostumada ou apresentada a essa forma de leitura e talvez por isso não esteja pronta para debater sobre o assunto.... Mas, acima de tudo, sou leitora e isso me faz sempre querer quebrar minhas amarras, ultrapassar as barreiras e enfrentar desafios (os da vida ainda evito alguns... Mas os literários eu costumo bater de frente).

Bem, falar sobre uma obra de Poe é correr o risco de ser repetitivo nas referências e elogios que façamos... Falar de O Corvo sendo criativo e usando palavras e frases inéditas é com certeza um dos maiores desafios que pode ser enfrentado numa experiência literária.

As alusões a essa obra em filmes, músicas, séries e outros livros são impossíveis de numerar... As obras que foram inspiradas nesse conto são incontáveis.

Primeiro, vou falar da edição da Companhia das Letras.

Pensem em um trabalho de pesquisa e estudo primoroso... Pensem em um livro essencial a quem estude literatura e esteja conhecendo o poema de Poe... Agora coloquem nessa mistura ilustrações maravilhosas de kakofonia.com. Acrescentem as duas traduções mais importantes feitas para Língua Portuguesa (Fernando Pessoa e Machado de Assis). Juntaram? Pensaram? Pois essa é a edição da Companhia das Letras... O livro todo tem uma atmosfera que combina lindamente com Poe; sombria, densa, sombreada.


A frase de Poe que justifica a existência de O Corvo e que vem citada da contra capa do livro é:

"A morte de uma mulher bela é, sem sombra de dúvida, o tema mais poético do mundo"

Quer coisa mais sombria do que ser capaz de poetizar a morte????

Resumindo... É lindo! Essencial e que deveria ser lido por quem ama Poe e por quem não conhece seu trabalho....

O livro é dividido em 2 partes: na primeira temos as duas famosas traduções do poema e sua versão original (não entendo inglês o suficiente para comparar original com tradução mas é uma experiência diferente você imaginar o poema declamado em inglês... Lógico que visualizei um cenário bem mórbido e uma voz cavernosa, não podia ser diferente.)

"Numa meia noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de alguém que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."
(Tradução de Fernando Pessoa)

"Em certo dia, à hora, à hora
Da meia noite que apavora,
Eu, caindo de sono e exausto de fadiga,
Ao pé de muita lauda antiga,
De uma velha doutrina, agora morta,
Ia pensando, quando ouvi à porta
Do meu quarto um soar devagarinho
E disse estas palavras tais:
"É alguém que me bate à porta de mansinho;
Há de ser isso e nada mais"."
(Tradução de Machado de Assis)

Fiquei surpreendida e impressionada com a diferença característica das duas traduções... Como escrita é algo mágico!!! Poder expressar uma mesma ideia de formas tão diferentes!!! E se no livro tivéssemos outras traduções, certeza de que teríamos tantas versões quanto!!!


Lógico que vou deixar aqui pra vocês a versão original também, não tem como resistir...

"Once upon a midnight dreary, while I pondered, weak and weary,
Over many a quaint and curious volume of forgotten lore -
While I nodded, nearly napping, suddenly there came a tapping,
As of some on gently rapping, rapping at my chamber door.
"Tis some visitor," I muttered, "tapping at my chamber door -
Only this and nothing more.""

Mesmo não entendendo totalmente o inglês, é praticamente musical ler esses versos em sua linguagem nativa... Não tem como ler e não cadenciar as palavras... É algo que transcende...

Pensando bem, talvez eu goste sim de poemas... Apenas nunca havia lido o texto certo que me arrebatasse...

Na segunda parte temos 3 ensaios de Poe sobre poesia e verso (confesso vergonhosamente que não conhecia essa lado do autor e foi bem interessante dedicar um tempo para essa leitura).

Já no início do primeiro ensaio, A Filosofia da Composição, me deparo com a transcrição de um bilhete que Charles Dickens enviou a Poe, a respeito de Barnaby Rudge, um romance de Dickens publicado como folhetim em 1841 (só eu tenho verdadeiro fascínio por imaginar essas pessoas, em sua época?):

"A propósito, o senhor sabia que Godwin escreveu seu Caleb Williams de trás para a frente? Começou envolvendo o protagonista numa teia de dificuldades, compondo o segundo volume, e depois, para o primeiro, pôs-se a encontrar uma maneira de explicar o que havia sido feito."

Para aqueles que conhecem um pouco de mim, sabem que encontrar uma alusão a Godwin é algo que me conquista sempre, simplesmente por ele ser pai de Mary Shelley, autora de um dos meus livros favoritos da vida, Frankenstein...

Ah, não posso deixar de comentar que a organização deste livro e a tradução dos ensaios é de responsabilidade de Paulo Henrique Brito, tradutor de mais de 110 livros de ficção e poesia.

Encerrando... É uma obra perfeita, indispensável a quem ama literatura e quer se aprofundar um pouco mais em conhecimento sobre Poe.

9 comentários

  1. Queria muito ler alguma coisa dele e parece estar um livro bem legal. Gosto de poesia e é verdade que da pra ver coisa dele em tudo que é lugar. Os poemas que já vi só me deixaram curiosidade e por gostar do estilo de escrita, das coisas que a gente tira da poesia, sei que iria adorar. Tem muito no livro pra aprender e conhecer do autor. É legal ate pra quem nao tem costume mesmo de ler coisa do tipo e adoraria conhecer. Não sabia dessa edição e já fiquei doida nela. Parece estar linda ^^

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  2. Olá Fabiola!
    Edgar Allan Poe é um dos autores mais influentes no cenário clássico da literatura, sendo que sua escrita é tão poderosa que consegue se comunicar com o leitor por si mesma, desde que este esteja disposto a desvendar a complexidade presente nos poemas. Esta obra está simplesmente fantástica, ainda mais pelo conteúdo extra que apresenta, o que faz com que o leitor se aprofunde ainda mais na mente por trás de O Corvo. Embora exija uma leitura cautelosa por conta da complexidade, o livro sem duvidas é uma grande fonte de conhecimento

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  3. Oi, Fabíola!!
    Também não curto muito poemas e sempre fico bem dividida em fazer a leitura desse gênero por não gostar tanto assim. E infelizmente ainda não conheço essa obra fantástica do Edgar Allan Poe. Mas achei extraordinária essa edição da Companhia das Letras. Enfim, amei a indicação dessa obra tão linda do Poe.
    Bjs

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  4. Poe é um dos meus favoritos e está edição está belíssima

    As traduções ficaram maravilhosas ❤

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  5. Oi Fabiola,
    Já tive algumas experiências com a escrita de Edgar Allan Poe, mas confesso que foram bem difíceis. A história desse poema eu conheço por cima, pois tive colegas que gostavam muito do autor e elas contavam um pouco sobre suas obras. Algo que ficou bem nítido para mim já no primeiro contato com a escrita do Poe é sua capacidade de pegar as coisas mais simples e rotineiras e transformá-las em algo macabro e assustador. Eu espero dar uma nova chance ao autor no futuro e essa obra será a que mais vou querer conferir.

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  6. Olá Fabíola!
    Também não sou amante de poesia mas há muito tempo li um poema de Poe e na época odiei, principalmente pela linguagem rebuscada e sombria. É inegável que a edição desse livro está maravilhosa, e os textos de autores tão consagrados da língua portuguesa só enriqueceram mais a obra.
    Beijos

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  7. Ol[a Fabiola!
    Também não sou acostumada a ler poemas e/ou poesias. Então não vou muito atrás de livros assim. Agora, já que se trata de Poe, quem sabe não faça a tentativa? Essa edição da Companhia das Letras ficou muito caprichada.

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  8. Olá!Parece ser uma obra mais complexa, mas para aqueles que buscam conhecer mais sobre o autor e sua escrita, super válida. Eu gosto de poemas, e das análises que podemos fazer a partir de seus versos, acredito que vou aproveitar bastante a leitura.

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  9. Oiii ❤ Do Edgar Allan Poe, só li o Gato preto, e gostei bastante da leitura, da forma como o autor nos deixa curiosos com todo o mistério da história.
    Nunca ouvi falar desse livro, mas achei a premissa bem interessante. Não é tipo de livro que eu leio sempre, mas gostaria de conhecer mais obras do autor.
    Dado o ano que o livro foi escrito parece se tratar de um livro mais complexo, com uma escrita de compreensão mais difícil. Mas, se um dia eu tiver a oportunidade, gostaria de ler.

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