A Origem do Mundo - Uma História Cultural da Vagina ou a Vulva Vs. O Patriarcado

Título: A Origem do Mundo - Uma História Cultural da Vagina ou a Vulva Vs. O Patriarcado
Autor: Liv Strömquist
Páginas: 144
Ano: 2018
Editora: Quadrinhos na Cia
Gênero: HQ, comics, mangá
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Submarino
Nota:     

Sinopse: Por que as sociedades alimentaram uma relação tão esquisita e esquizofrênica com o órgão sexual feminino ao longo dos séculos? Porque essa parte do corpo foi com tanta frequência representada de maneira casta e infantil? Por que a menstruação é um tema apagado da nossa cultura quando costumava ser tão sagrado para povos ancestrais? De que maneira se desenvolvera as ideias de gênero e identidade sexual? como no famoso quadro de Gustave Courbet, A origem do mundo escancara interditos e desafia mitos e tabus. Um livro Genial, catártico e absolutamente necessário.

Resenha:

Desde que o mundo é mundo, não, vamos mudar, desde que me entendo como ser humano vejo diversas formas de chamar uma vagina, vejo inclusive, diversas formas de como não devemos FALAR da vagina e mesmo depois de adulta, tenho aqui minhas dificuldades de falar sobre o tema, pois para alguns o assunto causa estranheza.

Esse tema foi um tabu pra mim até eu iniciar o curso técnico de enfermagem aos 16 anos e dada a circunstância, o tabu teve de ser quebrado e depois de quebrado, percebi que nem era nada demais. A pergunta que fica, será que é certo que informações esclarecedoras e simples sobre algo relacionado ao corpo humano, só sejam faladas com naturalidade por profissionais da área da saúde?

Você deve estar dizendo nesse momento que o google ta aí para ser pesquisado, porém, até para utilizar uma ferramenta de pesquisa é necessário certo entendimento. E digo mais, o tema VULVA/VAGINA não é falado, não tem importância e as pessoas não pesquisam sobre o que acreditam não ter dúvida, como educar uma sociedade que acredita estar na luz do mundo e a frente do tempo quando todos acreditam que já sabem tudo?

Esses são temas que o livro aborda, apesar de uma carregada dose de ironia e uma evidente indignação expressa em letras, tinta e desenhos. Os quadrinhos são narrados por uma bonequinha, uma menina, que explica inicialmente como alguns homens historicamente bem representados em suas descobertas tiveram suas falas extremamente mal colocadas em suas respectivas épocas, atribuindo doenças, malignidades, feitiçarias e psicopatias a mulheres apenas ao olharem suas vulvas.

É compreensível que ao longo da história diversos estudos sejam feitos, e se não houvessem tais estudos, por mais surreais que soem hoje, não estaríamos onde estamos. Mas a pergunta que fica depois dessa leitura: onde estamos é realmente onde deveríamos estar? Estamos muito distantes daqueles que, no passado, atribuíram a genitálias a responsabilidade de definir, por exemplo, a supremacia feminina branca sob negras?

A crítica direta desse livro não está na ciência e suas atribuições, e sim sob a contemplação de mitos e inverdades praticados por idiocratas que criaram uma verdadeira inquisição a vulva ao longo dos séculos. O livro ainda trata sobre a ditadura da beleza que define padrão aceitável ou não a uma região que não deveria ser assunto de terceiros.

O livro não possui classificação etária, porém, como o assunto é de fato um tabu, aconselho que você leia e depois conclua se a leitura é indicada ao adolescente que você é responsável. Feita essa ressalva, indico a leitura a todos, principalmente a quem ainda não sabe a diferença entre vulva e vagina, ou para quem acredita que a urina e a menstruação são eliminadas pelo mesmo local.

Vejo que essa leitura não será fácil para muita gente, porém, não ser fácil não tira seu mérito. Apesar de ser polêmico, fica claro que os temas abordados foram minuciosamente pesquisados. Todas as citações possuem referência, não no final do livro, sim ao final de cada citação. O que possibilita que o leitor pause a leitura (como eu fiz) e pesquise sobre aquele tema. E não sei se lamentei mais por encontrar as referências, ou por perceber que não estamos muito distantes de tantos conceitos errados.

Ainda que a sociedade seja um conjunto de toda sua ancestralidade, considero que uma sociedade que não se permite retirar as vendas, tende a permanecer sem enxergar!