A Morte é Um Dia Que Vale a Pena Viver - Ana Claudia Quintana Arantes

4 de julho de 2021

Título:
 A Morte é Um Dia Que Vale a Pena Viver
Autor: Ana Claudia Quintana Arantes
Páginas: 192
Ano: 2016
Editora: Casa da Palavra 
Gênero: Não ficção
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:    
Sinopse: Passamos a vida tentando aprender a ganhar. Buscamos cursos, livros, milhares de técnicas sobre como conquistar bens, pessoas, benefícios, vantagens. Sobre a arte de ganhar existem muitas lições, mas e sobre a arte de perder? Ninguém quer falar a respeito disso, mas a verdade é que passamos muito tempo da nossa vida em grande sofrimento quando perdemos bens, pessoas, realidades, sonhos. Vivemos buscando discursos que nos mostrem como ganhar. Como conquistar o amor da nossa vida, o trabalho da nossa vida. […] No entanto, saber perder é a arte de quem conseguiu viver plenamente o que ganhou um dia. Para boa parte de nós, a morte é provavelmente o maior de todos os medos. Mas e se a grande questão envolvendo a morte for, na verdade, a vida? Estamos aproveitando nossos dias ou vamos chegar ao fim desta jornada cheios de arrependimentos sobre coisas que fizemos – ou, pior, que deixamos de fazer? De maneira clara e suave, Ana Claudia nos ajuda a ter um novo olhar sobre o modo como gastamos o nosso tempo e sobre a nossa ideia acerca da vida e da morte. 


Resenha:

Desmistificando o medo da morte. 

Hey gente! Hoje vamos conversar sobre esse livro incrível, que possui tantos quotes memoráveis que eu poderia ficar o dia todo citando-os para vocês hahaha.

Em A Morte é Um Dia Que Vale a Pena Viver, Ana Arantes, médica paulista especializada em cuidados paliativos e geriatria, conta um pouco de sua história convivendo ao lado de pessoas diagnosticadas com doenças terminais.  Além disso, ao longo do livro Arantes também nos faz refletir muito sobre a forma que estamos vivendo e o jeito que estamos encarando o fim derradeiro, que mais cedo ou mais tarde, vai chegar para todos nós. 


Confesso que eu raramente pego um livro de não-ficção para ler, mas ao confessar para uma amiga que estava pensando muito na morte (sim, culpa da ansiedade desencadeada pela pandemia), recebi essa indicação maravilhosa que eu já não vejo a hora de reler, tamanha a competência da autora em nos tocar com suas palavras. 

"Na verdade, morrer é um processo que jamais poderá ser interrompido, mesmo que façam tudo o que a medicina pode oferecer. Se o processo ativo de morte se inicia, nada poderá impedir seu curso natural." 

Talvez o que mais funcione aqui seja a forma com a qual Ana Claudia inicia sua prosa. Já no começo, a médica nos conta todas as dificuldades que teve durante a graduação de medicina, pois para ela era muito difícil presenciar a morte de tantas pessoas diariamente, e isso causou um grande abalo emocional na sua vida.

"Na terapia, encontrei mais abismos do que pontes. Muitas e muitas vezes me senti sem horizonte algum, temendo a altura desses penhascos todos."

Mas, depois de muita persistência, a geriatra conseguiu se formar e passou a ter uma nova visão sobre a morte terminal. Determinada, Arantes começou a ver os cuidados paliativos como uma forma de proporcionar uma morte digna para seus pacientes, ao contrário de muitos profissionais da saúde que usam da sedação para não ter que lidar com situações complexas como essas. 

"Quando não temos tempo, porém, o arrependimento é clássico: erramos e estamos condenados. Esquecemos que, quando fizemos aquela escolha (que hoje julgamos errada), nem nos demos conta de que estávamos indo para o lado errado." 

Relatos pessoais à parte, o livro também discute vários temas relacionados com o ato de deixar de existir. Passando pelo luto, culpa e até mesmo mirando um pouco sobre questões existenciais e religiosas (pois sabemos muito bem que a morte, em diversas culturas, está intimamente relacionada com o divino pelo senso comum), Ana vai concretizando sua visão de o fim de nossas vidas precisa ser encarado com mais leveza. 

"Voltando àquela situação de acompanhar alguém no momento da morte, é fundamental que se entenda: a pessoa não está morrendo para que nos sintamos úteis. Não é esse o propósito."

Além disso, a experiência também se torna rica pelas citações de grandes autores e pensadores no começo de cada capítulo. É notório que a autora, no processo de elaboração do livro, pesquisou de forma aprofundada quais vertentes se encaixariam com o tema de cada parte da obra, e isso elevou mais ainda seu texto. 

"A busca de segurança dentro do afeto é um buraco negro. É possível encontrar tudo ali, menos afeto verdadeiro." 

Após finalizar o livro, senti um alívio que é até difícil de descrever. Sabem quando a gente entra em um espiral de pensamentos negativos? Eu estava assim, mas essa leitura me fez valorizar tudo de bom que me é oferecido todos os dias, e é exatamente por isso que não podemos viver como zumbis existenciais. 

"Fazer o bem para ser feliz na vida é diferente de fazer o bem para se dar bem no trabalho."

A vida está aí, e como diz a própria autora, estamos morrendo um pouquinho todos os dias, mas a melhor forma de chegar ao encontro da morte é fazer o ato de viver valer a pena. Temos arrependimentos? Temos! Mas não podemos ficar vivendo no passado considerando que o relógio não para de bater. 

"Só conseguiremos passar para a próxima etapa se tivermos uma destas três confirmações: de que perdoamos, deixamos nossa marca ou levamos a história conosco, tirando dela os aprendizados possíveis."

Bom, vou deixar o resto para vocês conferirem. Mas em suma, A Morte é Um Dia Que Vale a Pena Viver trata-se daquele tipo de livro que a gente pode pegar a qualquer momento, pois sempre teremos algo para extrair. 

Até a próxima resenha!


11 comentários

  1. Uau!!!!
    Intenso! A começar pelo título! E pelas reflexões que proporciona.
    Também quase não leio não ficção mas A Morte É Um Dia Que Vale A Pena Viver é um livro que precisa ser msis conhecido e lido

    ResponderExcluir
  2. Já é uma dica que vou procurar hoje ainda! Eu sou uma tentativa de suicídio ambulante. E em dias/semana de crise(como a que estou vivendo) eu fico mal, muito mal mesmo. Amanhã devo procurar ajuda médica, pois a medicação que estou tomando não está me ajudando muito não.
    Eu sempre digo que tenho uma relação de amor e respeito pela morte. A respeito muito, como procuro em dias bons, respeitar a vida.
    E viver estas experiências deve ser algo sem explicação.
    Listinha de muito desejados.
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Angela, obrigado pelo comentário!
      Isso aí! A gente tem que dar muito valor à vida, não é verdade? Te admiro muito por não ter medo de buscar ajuda, e se em algum momento quiser conversar, estamos sempre aqui.
      Beijos.

      Excluir
  3. Alison!
    Vez or outra é bom deixar a ficção de lado e termos contato com a realidade.
    Uma coisa que nunca vou entender é esse estigma da morte, sabe... Já nascemos que morrer é a única certeza que temos na vida, então, por que ficamos receosos?
    Devemos é viver da forma mais intensa possível e aproveitarmos para sermos felizes a maior parte do tempo, porque tudo é efêmero e logo partiremos...
    Feliz em saber que o livro vai por essa linha de raciocínio e nos proporciona uma nova visão.
    cheirinhos
    Rudy

    ResponderExcluir
  4. Que título meio assustador. Não sei, no mínimo, faz você refletir bastante ne? Isso sem nem entrar na resenha ainda. Imaginei mesmo que o livro seria cheio de frases marcantes. Também não leio muito livros assim, mas fiquei bem curiosa depois de ler toda a resenha e como esse tema parece ser tratado. Não é fácil pensar nessas coisas, mas porque não tentar entender?

    ResponderExcluir
  5. Olá,

    Eu sempre fui um pessoa com muito medo da morte, mas não medo da minha morte e sim de pessoas próximas.
    Perdi meu avô muito cedo, e presenciei tudo, então depois disso minha ansiedade só aumentava quando pensava em perder outra pessoa da família.
    Desde o ano passado que busco mais livros sobre luto e morte, para eu poder lidar melhor com isso.
    Obrigada pela dica.

    Beijos

    ResponderExcluir
  6. Pelo título, parecia ser uma obra prima, mas é ledo engano. Acrescenta muito pouco. E confesso que o ateismo me incomodou bastante.

    ResponderExcluir
  7. Olá! Eu diria (escreveria) que só o título já é para lá de inspirador, imagina então a leitura, definitivamente esse é um tema que quase sempre a gente está fugindo e, às vezes, parece que nem isso é o suficiente, fiquei bem interessada na história que nos é passada e em como todos esses relatos podem nos ajudar a finalmente entender melhor e aproveitar mais nossos dias.

    ResponderExcluir
  8. Oii
    Eu não conhecia esse livro, mas já vi que também preciso ler ele! De vez em quando eu passo por uns momentos difíceis, principalmente nessa época de pandemia, eu tive dias horríveis. E acho que esse livro também pode me ajudar bastante, e ele deveria até ser mais conhecido, porque ajudaria muita gente!
    Já amei os quotes ❤

    Bjss ^^

    ResponderExcluir
  9. Oiiie,
    Eu não sou muito de ler não-ficção e nem autoajuda, meio que não é muito para mim. Sei que é importante, mas acho que não seria pra mim.. quem sabe eu der uma chance, parece ser muito bom e interessante.

    Beijocas:
    Tempos Literários

    ResponderExcluir
  10. Oi,
    Eu já queria ler esse livro, e agora estou ansiosa!
    Pela sua resenha deu pra ver que é beeeem emocionante e necessário. Até porque a morte é dolorosa, mas precisamos falar mais sobre, buscar recomeçar quando perdemos quem amamos.
    Bjs

    ResponderExcluir