Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror - Robin R. Means Coleman

5 de junho de 2021

Título:
 Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror 
Autor: Robin R. Means Coleman 
Páginas: 464
Ano: 2019
Editora: Darkside 
Gênero: Terror
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:   
Sinopse: Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror é um marco e virou documentário produzido e exibido pela Shudder, plataforma de streaming audiovisual de terror ainda não disponível no Brasil. Dirigido por Xavier Burgin, o documentário foi lançado em 2019 e tem produção executiva da Dra. Robin R. Means Coleman, da educadora e escritora Tananarive Due, de Phil Nobile Jr, editor-chefe da revista Fangoria e Kelly Ryan, da Stage 3 Productions, e é produzido e co-escrito por Danielle Burrows e Ashlee Blackwell — que, aliás, contribuiu com um texto especial exclusivo para a edição brasileira do livro. A obra integra a Coleção Dissecando, da DarkSide® Books — dedicada a revelar os bastidores e a história de grandes produções audiovisuais e seus imortais criadores — chega para os leitores em capa dura, com textos especiais e galeria de imagens. Uma obra indispensável em nossa exploração e favorecimento do gênero de terror.

Resenha:

Uma obra que enfatiza como os negros conquistaram seu espaço nos filmes de terror. 

Em Horror Noire, a pesquisadora Robin Coleman vai nos apresentando como os negros eram retratados no cinema ao longo das décadas (mais precisamente de 1910 a 1990), apontando os claros preconceitos raciais que acompanharam a participação de afrodescendentes nos filmes do gênero.

Com essa capa belíssima, é impossível não ter vontade de conferir o conteúdo do livro, né gente? E além do aspecto gráfico de qualidade que já é característico da Darkside, digo com toda certeza que Horror Noire é um dos melhores livros presentes no catálogo da editora.

Por quê? Bem, é muito simples. A obra evidencia de uma forma bastante precisa (e com o excelente tom sarcástico de Coleman) que o racismo sempre esteve presente em produções cinematográficas do século passado, sendo que o maior dilema para os atores negros era escolher entre representar um personagem negro estereotipado sob a ótica supremacista branca ou não  seguir a carreira artística devido à limitação de papéis que eram disponibilizados para as minorias.  

"O terror continua sendo um estudo sobre racismo, exoticismo e neocolonialismo para as pessoas negras." 

Embora literalmente todos os filmes que são analisados não sejam da minha época (com exceção do aclamado Corra, que é rapidamente citado pela autora), não tive qualquer dificuldade para associar o contexto histórico ao enredo dos longas, uma vez que a mídia estadunidense sempre foi famosa em atrelar propaganda ao entretenimento. 


E nesse sentido é necessário elogiar o extenso trabalho de compilação dos filmes que mais tiveram influência em cada período abordado, os quais são divididos em filmes de terror "com negros" e filmes "negros de terror".

"Se alguém estiver procurando por uma reflexão sociopolítica, o terror infundido de hip-hop raramente desaponta, dando marretadas na cabeça do público com contos de moralidade e responsabilidade social." 

Com o crescente avanço dos movimentos sociais, podemos perceber que a comunidade afro fez questão de responder à representação racista, estereotipada e limitante que era vista na maioria dos filmes hollywoodianos de grande orçamento. E com isso os filmes "negros de terror" começaram a se tornar bastante populares, principalmente para os negros que queriam se ver representados no cinema de uma forma significativa e com profundidade cultural.

"Já foi dito antes e é digno dizer isso novamente: estamos de volta." 

Mas apesar dos esforços para a produção de filmes negros complexos e com personagens bem desenvolvidos, houve muita resistência por parte dos brancos no que se refere à exibição desses materiais. Nota-se, ainda, que tanto em filmes de terror "com negros" quanto em filmes "negros de terror", as mulheres precisaram lutar muito para sair dos papéis sexualizados e repletos de misoginia que a elas eram destinados. 

"As mulheres, como a sexy e silenciosa Katrina, que deveriam ser vistas, mas não ouvidas, é que eram consideradas um problema, uma fonte de ansiedade, de questionamentos obsessivos." 

Passando pelos temas que citei acima, o livro vai muito além e nos faz refletir sobre como os filmes de terror foram mudando ao longo dos anos, com tendências sendo exploradas e recicladas e novos subgêneros surgindo com a popularização da venda de DVDs. É fato, contudo, que os negros conseguiram dominar as telas, atuando finalmente como protagonistas em longas metragens de exibição mundial.

Por todo esse conteúdo, a leitura se mostra bastante lenta em alguns momentos, não só pelo excesso de referências (afinal dezenas de filmes são analisados minuciosamente) mas também pelos fatos reais que são mesclados e comentados por Coleman para mostrar como arte e vida real sempre tiveram uma relação próxima. 

"Juntamente com os filmes de terror ultraviolentos, o gênero do horror se encaminhava para o centro da cultura popular de maneiras interessantes, a partir de uma fonte completamente inesperada - o cantor Michael Jackson, o Rei do Pop." 

Dessa forma, Horror Noire: A Representação Negra no Cinema de Terror cumpre seu papel de forma extremamente competente para enfatizar a contínua batalha das minorias para se inserir no mercado do entretenimento de forma digna e igualitária. Ademais, cabe a nós, como consumidores, demonstrar nosso anseio por cada vez mais representatividade em filmes de qualquer gênero.

Até a próxima resenha! 

16 comentários

  1. Falar das edições da Dark acaba se tornando algo tão comum que a gente até com vergonha rs
    Todas, todas são perfeitas demais.
    Eu sou apaixonada por cinema. Afirmo isso com orgulho,mas sei que preciso muito aprender a ir ao passado.
    Esse livro não é apenas um livro, é como se fosse um presente não só aos apaixonados por cinema,mas a todos que de alguma maneira, são essenciais a nossa história, a nossa vida.
    Com toda certeza do mundo é um livro que pretendo ter em mãos e aprender muito!!!
    Beijo

    Angela Cunha Gabriel/Rubro Rosa/O Vazio na flor

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    1. Angela, obrigado pelo comentário!
      A Darkside sempre arrasa né, quase justifica as lágrimas quando a gente vê o preço dos livros rsrsrs. Mas enfim, é mesmo uma obra engrandecedora.
      Beijos.

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  2. Uauuu, Alison!
    Quando recebi a notificação do post, não imaginei que se tratava de um livro assim: um estudo tão completo real e cru do negro no cinema nas décadas passadas.
    Se hoje ainda vemos os atores negros em bons papéis naquela época imagino o quão deva ter sido horrível conseguir um papel. E piore isso em 544567,% para a mulher negra

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    1. Chelle, obrigado pelo comentário!
      Menina, não foi uma batalha fácil, mas finalmente vemos que as coisas melhoraram bastante nesse cenário.
      Beijos.

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  3. Olá
    Alison
    Muito bom esse post !para falar a verdade eu nunca pensei em como os negros sofreram para inserir nesse mercado cinematográfico dominado por brancos .como por exemplo ou representava tipos estereotipados ou ficava poderiam seguir a carreira artística.
    Ainda bem que as coisas mudaram e hoje nós vemos negros talentosos atuando como protagonista.
    Foi um longo caminho percorrido .mas ainda há muito para percorrer .

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    1. Eliane, obrigado pelo comentário!
      Confesso que eu também nunca parei para refletir de forma aprofundado sobre tal problemática, e é exatamente isso que torna essa obra tão necessária.
      Beijos.

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  4. Eu nunquinha li um livro de terror, aliás não é um gênero que eu conheça tanto, incluindo filmes e séries.
    Realmente, a capa é bem chamativa mesmo. E o que ele promete para o público é bem interessante. Essa reflexão é essencial e continuará sendo.
    Muito boa a resenha!

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  5. Ainda não comecei a ler terror, mas sei que a darkside arrasa tanto nos livros quanto nas histórias

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  6. Olá Alison!
    O livro é muito importante para trazer a tona mais um lugar onde o racismo existe mas é pouco mencionado. Com certeza a autora teve muito trabalho em compilar os dados e analisar criticamente os filmes. Pra quem gosta de terror é unir o útil ao agradável.
    Beijos

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  7. As edições da Darkside são simplesmente as mais lindas! que capricho!
    Não sou de ler terror, mas essa resenha me chamou a atenção e me fez querer ler.
    Quero ter a sensação legal de entender mais do mundo representado no livro, de como foi a construção disso, do cinema para a sociedade, e da maneira que transformaram o homem negro em "assombração" para meninas brancas".
    Preciso ler mais livros no gênero.

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  8. Olá! A editora arrasa sempre neh, não é nem mais surpresa, mas confesso que apesar de ter lançamentos sempre incríveis, o gênero não é o meu favorito e essa capa está um pouco assustadora #sóacho, mas o enredo despertou sim meu interesse, ainda mais porque une duas coisas que eu amo demais, por isso, apesar dos pesares estou tentada a dar uma oportunidade a leitura.

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  9. Olá, Alisson

    Primeira vez que vejo esse livro, e amei a análise que você fez dele!
    é um livro muito importante, e saber como os negros foram/estão sendo retratados nos filmes é muito interessante e impactante.
    Achei a capa bem bacana, a editora sempre arrasa.

    beijos

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  10. Alison!
    A meu ver é o tipo de livro que deve ser o mais divulgado posível para que todos leiam, afinal, poderemos entender ainda mais a forma como os negros são vistos ou eram vistos na confecção desses filmes noire e de como a visão em relação ao sexo feminino e tão esteriotipada e misógena.
    cheirinhos
    Rudy

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  11. Oiii
    Não conhecia esse livro, e já achei bem diferente o estilo dele. E já achei bem interessantes os questionamentos, e essa história dos negros nos filmes, realmente no começo deve ter sido tudo muito difícil, e uma grande luta, e só a pouco tempo conseguiram conquistar mais espaço. Fiquei interessada no livro.

    Bjss ^^

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  12. Oii,
    Acho que deve ser um ótimo livro sobre a importância da representatividade e de como o preconceito é horrível, e já fez tanto mal. Nem na arte os negros tiveram respeito. Um absurdo isso.
    Bjs

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  13. Os livros da darkside são tão bonitos e alguns realmente perfeitos
    Acho que já vi alguma coisa sobre ele antes mas não liguei
    Gostei do tema dele
    Já quero ler

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