O Nome do Vento - Patrick Rothfuss

23 de julho de 2019

Título: O Nome do Vento - A Crônica do Matador do Rei
Autor: Patrick Rothfuss
Páginas: 656
Ano: 2009
Editora: Arqueiro
Gênero: Fantasia, Fantasia Medieval, Medieval, Infanto-Juvenil, Drama, Aventura, Ficção,
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon | Americanas |  Submarino | Saraiva
Nota:  
Sinopse: Ninguém sabe ao certo quem é o herói ou o vilão desse fascinante universo criado por Patrick Rothfuss. Na realidade, essas duas figuras se concentram em Kote, um homem enigmático que se esconde sob a identidade de proprietário da hospedaria Marco do Percurso.Da infância numa trupe de artistas itinerantes, passando pelos anos vividos numa cidade hostil e pelo esforço para ingressar na escola de magia, O nome do vento acompanha a trajetória de Kote e as duas forças que movem sua vida: o desejo de aprender o mistério por trás da arte de nomear as coisas e a necessidade de reunir informações sobre o Chandriano - os lendários demônios que assassinaram sua família no passado.
Quando esses seres do mal reaparecem na cidade, um cronista suspeita de que o misterioso Kote seja o personagem principal de diversas histórias que rondam a região e decide aproximar-se dele para descobrir a verdade.
Pouco a pouco, a história de Kote vai sendo revelada, assim como sua multifacetada personalidade - notório mago, esmerado ladrão, amante viril, herói salvador, músico magistral, assassino infame.
Nesta provocante narrativa, o leitor é transportado para um mundo fantástico, repleto de mitos e seres fabulosos, heróis e vilões, ladrões e trovadores, amor e ódio, paixão e vingança.


Resenha: A história de Kvothe é narrada pelo próprio, percorrendo da sua infância até a sua adolescência, próximo a vida adulta. O protagonista conta sobre seus bons momentos durante a infância, quando vivia de forma itinerante com uma trupe de artistas renomada, sendo seu pai e sua mãe os lideres, em conjunto de talentosos artistas que compunham o grupo. Ele aprendeu a ter uma paixão genuína pela música do alaúde, graças ao seu pai, que tocava e fazia composições como nenhum outro bardo. Em determinada ocasião, se junta a trupe o Tio Ben, um acadêmico que estuda magia e passa a ter uma íntima relação com Kvothe, se tornando seu mentor e ensinando muito sobre a teoria da magia, além de exercícios mentais que supostamente ajudariam o garoto a dominar a ciência quando crescesse e ingressasse a universidade.

Kvothe intercala seu relato com pausas dolorosas, pois sua vida se torna difícil depois de uma sucessão de acontecimentos, forçando-o a viver, inclusive, como um pedinte nas ruas de grandes cidades. Porem, apesar das adversidades, Kvothe demonstra em seus relatos sua força de vontade para três coisas: Seguir seus estudos sobre magia, continuar treinando seu talento com alaúdes, e, sobretudo, se vingar das pessoas - ou seres - que trouxeram a miséria para sua vida.

Em um primeiro momento, ler um livro de seiscentas e cinquenta e seis páginas que conta a historia de uma pessoa especifica pode parecer um desastre, fazendo com que o livro caia numa maré de egocentrismo desinteressante e massante. Todavia, o livro passa longe dessas características. Rothfuss foi genial ao criar um universo próprio, cheio de detalhes e principalmente com uma originalidade fora do comum. Apesar de ele se utilizar da já conhecida fantasia medieval, há todo um cuidado para que seu universo seja único. Desde monstros e demônios, até religiões e dogmas, há um toque único do autor para que o leitor se sinta imerso num ambiente conhecido, com características nunca vistas antes.

O ponto forte do livro é, sem sombra de dúvidas, a forma como a magia é vista, manipulada e estudada. Contrariando os poderes vindos de varinhas mágicas ou pactos com seres obscuros, a magia do livro é, de certa forma, simples. Tudo na natureza pode ser um alvo ou um ingrediente para a magia, desde que haja alguém estudado o bastante para dominar as diferentes formas dela agir. Porem, a sua simplicidade não a torna menos poderosa e perigosa: ela é, inclusive, utilizada em momentos-chave da trama, onde o seu uso (ou mal uso) tornam o enredo cada vez mais excitante e surpreendente.

Porém, como todo livro com propostas ousadas, ele também peca. Peca pouco, muito pouco, mas vale a pena citar um ou outro ponto que me desagradou (mas que não passa da minha mera opinião pessoal).

O começo do livro é um tanto massante. A introdução aos fatos é longa demais, e os fatos negativos que seguem a vida de Kvothe são tantos, que mais de uma vez me perguntei "quando as coisas vão melhorar?". As sessões de treino com o Tio Ben, em contrapartida, foram geniais e foram também o motivo que encontrei para manter a leitura durante sua parte mais arrastada.

Rothfuss tenta traçar um romance para Kvothe, que no início me interessou bastante, mas que se tornou "água com açúcar" com o desenvolver do livro. A relação soa infantil, e mais de uma vez, fatos convenientes demais se desenrolaram à favor dessa relação, o que me pareceu um desenvolvimento artificial. No final, a sensação que tive foi de páginas e páginas oferecidas para essa relação, para no final do livro não dar em nada (aqui deixo um lembrete que há um segundo livro publicado e um terceiro por vir, de forma que talvez seja proposital a forma inconclusiva de como a relação terminou no livro).

Por último, o livro se passa num universo medieval fictício e ele realmente não tem obrigação de ser idêntico ao período medieval da nossa historia. Entretanto, algumas partes do livro me pareceram não ter qualquer compromisso com isso. Paginas onde Kvothe está em cantinas almoçando com amigos, quando um desafeto passa e lhe faz uma provocação... A sensação é a mesma de assistir um seriado adolescente e norte americano que se passa em uma escola do ensino médio. Talvez este seja um recurso para tornar a história mais leve, aonde mais leitores se identificassem, mas leitores mais medievalistas, que se importam com ambiente, falas e costumes, podem acabar se incomodando com a forma mais casual como o livro flui em algumas partes.

No fim das contas, os pontos negativos não atrapalham no âmbito geral do livro. O enredo é recheado de mistérios, e se você gosta de pequenas pistas compondo grandes teorias, este livro tem de sobra. O seu aspecto fantasioso transborda originalidade, e o desenvolver do personagem principal frente à todas as adversidades mostra uma historia que se desenvolve dentro de sua proposta.

9 comentários

  1. Kvothe!!! Um dos personagens mais intensos e simples ao mesmo tempo. Quando li este livro, foi preciso uma certa persistência no início dele. rs É realmente lento demais e em alguns momentos, desanimador.
    Mas felizmente não desisti e a história acaba indo por um caminho árido e gostoso de ser percorrido.
    Apesar da maturidade, há este ar de adolescência no personagem. Irrita e agrada! rs
    O Temor do Sábio é um livro mais maduro, eu diria.
    Uma leitura super recomendada!!!
    Beijo

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  2. Tá aí um livro que ta na minha lista de leitura faz tempos e até hoje nada. Gostei muito do jeito dele e essa originalidade mesmo com uns temas conhecidos é bem legal. Brincar com magia e um clima medieval mas deixar isso com um jeito próprio me chama atenção. Ser uma história que fala de um personagem poderia soar chato mesmo, mas isso do autor criar um mundo próprio e cheio de detalhes anima de ler. Pode ter umas partes mais chatinhas de ler, mas no geral parece uma história que prende e vale a pena conferir.

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  3. Olá Michel!
    O riquíssimo universo criado por Rothfuss faz a jus a tudo que um amante de fantasia medieval busca encontrar num livro do gênero; Embora essa obra seja lenta em alguns momentos, o tipo de prosa adotado pelo autor (como se o protagonista estivesse falando diretamente com o leitor) não deixa que a experiência seja monótona. Todo o aspecto mágico da história é construído de maneira bem sutil para que possamos assimilar as informações, o que é mais um ponto positivo da trama. Só espero que o último livro seja lançado logo, pois o Patrick decidiu dar uma de George R. R. Martin.
    Beijos.

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  4. Olá Michel!
    Estava mesmo necessitada de uma nova série de bruxos, e gostei do universo medieval. O número de páginas não me assusta, gosto de livros grandes, mas a enrolação do começo me deixou apreensiva. Vou aguardar mais informações sobre os próximos lançamentos.
    Beijos

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  5. Olá! Eu sou apaixonada pelo gênero, mas confesso que não conhecia o livro, a história me arrebatou, acredito que todos os detalhes a deixam ainda mais rica, sem dúvida, quero conferir, a capa também está maravilhosa e já enche os olhos e desperta mais ainda o interesse pela leitura. As ressalvas servem de alerta para não se empolgar tanto assim com a leitura (risos), mais de 600 páginas, dependendo da história não é tão desanimador assim, às vezes a gente até precise de mais.

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  6. Olá! ♡ Ainda não conhecia esse livro e nem o autor, mas a premissa dele chamou muito minha atenção. Não leio muitos livros medievais, apesar de gostar de histórias que se passem nesse período, mas adoraria ler esse, estou animada para ver o universo que Patrick Rothfuss criou e sua originalidade em relação a fantasia.
    Gosto bastante de livros grandes, só não gostei do começo do livro ser mais parado e maçante, apesar de que já li muitos livros com o começo assim que me surpreenderam demais.
    Obrigada pela indicação! Beijos! ♡

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  7. Aí 🙈
    Eu tô para ler esse livro tem uns bons anos já
    Preciso ler e essa resenha me deixou ainda mais curiosa.
    Eu tô vendo uma montanha de livros não lidos me olhando da estante kkkk

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  8. Esse é um dos meus livros favoritos e eu sinceramente discordo com seus pontos negativos. Mesmo o que chamas de relacionamento infantil entre o Kvothe e a moça que eu já esqueci o nome (hahaha) tudo tem um porquê, tanto com relação à sociedade deles até mesmo a maneira como Kvothe cresceu. Afinal, ele era apenas uma criança quando os pais foram assassinados e ele foi obrigado a viver na rua e apesar de seu comportamento presunçoso por se achar mais inteligente, a falta de dinheiro que ele enquanto crescia e enquanto estudava sempre o deixou em separado de seus colegas e sempre fez com que ele se sentisse menos bom que os outros. Então como que ele passaria de um simples flerte e romance bobo com a crush se ele não tinha um tostão no bolso a creditava no fundo que ela o via como um zé ninguem?

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  9. Oi Michel ;)
    Tenho uma amiga que já leu o livro e me recomendou bastante, e pela sua resenha parece o tipo de livro que eu iria gostar muito.
    Gosto mais de quando esse tema da magia é abordado assim, com relação direta com a própria natureza, pois parece bem mais real que varinhas e pactos como você mesmo disse.
    É um livro bem extenso, e por isso mesmo que teve essa demora no começo para haver uma conexão com a história, mas ainda bem que isso não tirou o brilho do livro!
    Ótima resenha :)

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