História do Olho - Georges Battaile

22 de outubro de 2018

Título: História do Olho
Autor: Georges Battaile
Páginas: 136
Ano: 2018
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Erótico, Ficção, Literatura Estrangeira
Classificação: +18
Adicione: Skoob
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Nota:   
Sinopse: Texto de estreia de Georges Bataille, História do olho é também sua obra mais célebre e um dos maiores clássicos da literatura erótica do século XX. Chocante e sacrílega, esta novela é a expressão máxima da obsessão do autor pela proximidade entre sexo, violência e morte, e sua dimensão filosófica se depreende do exercício ilimitado que Bataille faz de tal relação.
Publicado em 1928 sob o pseudônimo de Lord Auch, o livro acompanha as peripécias sexuais do jovem narrador e de sua amiga Simone. Embebido da atmosfera do surrealismo francês, do qual o próprio Bataille chegou a fazer parte, o relato suspende do horizonte das personagens o interdito do universo adulto e propicia aos jovens uma jornada de extravagâncias que envolvem sadismo, orgias, tortura e loucura, culminando em um ato de transgressão.

Resenha: História do Olho, relançado pela Companhia das Letras, é um livro que transmite um dos mais famosos contos de Georges Bataille. Nele, conheceremos a história de um narrador que não possui nome, que em sua recente pré-adolescência, descobre o prazer sexual junto com sua amiga, Simone. De forma nada comum, ambos conhecem em si e no outro um voraz desejo pelas mais obscenas parafilias, desde extremas fixações por anus até sessões de sexo regadas de chuva dourada. Com uma insaciável fome pela perversão e devassidão, a dupla constantemente busca por mais, participando de ménages, orgias, dominações psicológicas, vouyerismo, aderindo até ao sofrimento alheio dentro de suas brincadeiras. Não é à toa que me refiro ao personagem principal e Simone como uma dupla, e não como um casal; a ligação dos dois é uma profunda identificação entre fetiches, mas todo o sexo descrito no livro envolve apenas o mais puro e animalesco tesão, sem espaço para um sentimentalismo padrão de jovens apaixonados.

Durante uma de suas aventuras sexuais, a dupla encontra Marcela, uma garota de lascívia comparável ao dos protagonistas. Marcela será importante para que os dois percebam a profundidade de sua depravação, abraçando e aceitando-a como parte de seu ser, mergulhando cada vez mais fundo em seus prazeres, e se preocupando cada vez menos com o mundo ao seu redor.

“Para os outros, o universo parece honesto. Parece honesto para as pessoas de bem porque elas têm os olhos castrados. É por isso que temem a obscenidade. Não sentem nenhuma angústia ao ouvir o grito do galo ou ao descobrirem o céu estrelado. Em geral, apreciam os “prazeres da carne”, na condição que sejam insossos."

Após a conclusão do romance, um pequeno espaço é reservado aos consagrados escritores Michel Leiris e Roland Barthes, onde ambos dedicam algumas páginas para fazer uma profunda análise da obra, não se limitando somente a ela, mas também realizando observações sobre George Bataille, sua vida, suas influências e como sua visão do mundo e episódios específicos da sua infância puderam contribuir para o emaranhado do enredo de História do Olho, demonstrando ao leitor que o livro vai muito além do que uma simples tentativa de excitar com o sexo visceral ou assustar com degeneração pura.

"Mas, desde então, não havia mais dúvidas: eu não gostava daquilo a que se chama “os prazeres da carne”, justamente por serem insossos. Gostava de tudo o que era tido por “sujo”. Não ficava satisfeito, muito pelo contrário, com a devassidão habitual, porque ela só contamina a devassidão e, afinal de contas, deixa intacta uma essência elevada e perfeitamente pura. A devassidão que eu conheço não suja apenas o meu corpo e os meus pensamentos, mas tudo o que imagino em sua presença e, sobretudo, o universo estrelado...”

História do Olho não é mais um livro padrão sobre sexo. O autor não se importa em usar termos chulos, palavrões, dentre outros termos que não seguem o caminho baunilha das histórias que fizeram tanto sucesso nos últimos anos entre o público jovem feminino. Junte isso com o fato de sempre haver uma perturbadora associação com a transgressão, a dor, o sanguinário e até com a morte nas experiências sexuais, e ficará claro que Bataille quer dizer muito mais do que as palavras transmitem. Em uma obsessiva busca pelos excessos, o autor demonstra o sujo e o hediondo que está presente no cotidiano de qualquer ser humano, mas que é renegado por autores que preferem escrever sobre o bonito, o feliz, o socialmente aceitável.

Capa de História do Olho, edição de 2003.

História do Olho é uma das mais memoráveis obras de George Bataille. O autor escreve de forma visceral sobre o sexo em sua forma pura, mostrando a busca inconsequente pela luxúria mais sincera do homem, tendo ele que lidar com as consequências de seus excessos. Com uma boa dose de surrealismo francês e uma forte influência de Marquês de Sadê, Bataille revela suas intimidades ao leitor, misturando ficção com experiências pessoais, que moldam o romance e trazem um sentido para a obra como um todo.

5 comentários

  1. Oi, Michel,

    A história em si - em como ela abordada - é um pouco bizarra, porém analítica e aprofundasa. No entanto, não é um livro que eu leria.

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  2. Olá! Confesso que não conhecia o livro, mas achei bem interessante a proposta do autor, afinal a história é bem diferente dos romances mais calientes que leio. Sem falar nessa capa de 2003 tá bem impactante hein.

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  3. Não conhecia o livro, apesar de já ter ouvido falar do autor. Acho que a proposta do livro é bastante diferenciada e interessante, apesar de não ser bem vista ou tragável a todos os leitores. Mas acho que, se existe alguma intenção aqui, era essa mesmo. Gostei também do espaço reservado para as análises ao final do romance, apesar de não concordar muito que um livro pode ser analisado sob a perspectiva da vida real do autor, a não ser que ele seja considerado definitivamente e totalmente autobiográfico.

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  4. Oi Michel!
    Não tinha conhecimento desse livro ainda, achei mto diferente e interessante a proposta do autor.
    Vou anotar a dica, se surgir oportunidade, quero conhecer.
    Bjs!

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  5. Olá!
    O livro é interessante, trás temas muito bem abordados e o autor soube explica de uma maneira incrível..Eu não sei se leria mas quem sabe um futuro proximo né.

    Meu blog:
    Tempos Literários

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