Depois da Queda - Dennis Lehane

20 de julho de 2018

Título: Depois da Queda
Autor: Dennis Lehane
Páginas: 392
Ano: 2018
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Policial, Suspense, Mistério
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:  
Sinopse: Depois de ter um colapso mental ao vivo, durante uma transmissão de TV, Rachel Child, antes uma jornalista obstinada e que desbravava o mundo, passa a viver totalmente reclusa. Fora isso, porém, ela leva uma vida ideal, com um marido que parece ideal. Até que, numa tarde chuvosa, um encontro fortuito abala profundamente aquela vida perfeita, assim como seu casamento e ela mesma. Sugada por uma conspiração cheia de decepções, violência e loucura, Rachel precisa encontrar forças nela mesma para superar medos inimagináveis e verdades transformadoras. Emocionante, sofisticado, romântico e cheio de suspense e tensões, Depois da queda é Dennis Lehane em sua melhor forma.

Resenha:

“Numa terça-feira de maio, no trigésimo quinto ano da sua vida, Rachel matou o marido com um tiro. Ele cambaleou para trás com uma estranha expressão de confirmação no rosto, como se alguma parte dele sempre tivesse desconfiado que iria morrer pelas mãos de sua mulher.”
O americano Dennis Lehane é autor de vários romances policiais. Com uma escrita vigorosa, explora enredos investigativos e seu sucesso mais estrondoso é o livro Sobre Meninos e Lobos, que acabou virando adaptação cinematográfica no ano de 2003.

Este é o primeiro romance de Dennis Lehane a ser contado do ponto de vista de uma mulher, Rachel Childs. A primeira parte da história tem como enfoque sua infância como a filha de uma acadêmica, Elizabeth Childs. Elizabeth é uma influência dominante em sua vida, no entanto Rachel mal se lembra de seu pai, que as deixou quando ela tinha cerca de três anos de idade. A mãe sempre foi irredutível com a decisão de jamais revelar a identidade do “doador de esperma” que se intitulava seu pai, resolução essa que reduziu toda infância e juventude de Rachel em brigas homéricas com a mãe.
“O nome do pai dela era James. E ela não sabia muito mais a seu respeito. Lembrava que tinha cabelos escuros e ondulados, um sorriso repentino e hesitante. Pelo menos duas vezes, ele a tinha levado a um parquinho com um escorregador verde-escuro, onde as nuvens da região pairavam tão baixas que, antes de colocá-la no balanço, ele precisava enxugar o assento por causa da condensação. Num desses passeios ele a fizera rir, mas ela não lembrava como.”
Já adulta e com a mãe falecida num trágico acidente de trânsito, ela sai em busca de maiores informações, afinal a única coisa que lembrava era um nome: James. Durante essa busca, ela tenta contratar um jovem investigador particular chamado Brian Delacroix, que nada encontrou a respeito.
“Por que você quer saber? Por que acha que precisa conhecer um estranho que nunca fez parte da sua vida nem respondeu pela sua segurança financeira? Será que primeiro não devia cuidar do que faz você se sentir tão infeliz, antes de sair pelo mundo à procura de um homem que não vai poder lhe dar nenhuma resposta, e nem lhe trazer qualquer paz?”
Mesmo sem uma única pista ela segue em frente. Rachel começa então sua carreira como jornalista, e sua capacidade investigativa por fim a levam ao Dr. Félix, o ginecologista de sua mãe. Ele promete revelar o nome do seu pai se ela aceitasse escrever uma matéria que o inocentasse de inúmeras acusações de estupro. No entanto sua mostra a Rachel que todas as denúncias eram verdadeiras e escreve um arquivo que na verdade o expõe publicamente. Dessa maneira ela consegue chantageá-lo e acaba descobrindo o nome do seu pai: Jeremy James. Novamente ela parte em busca do homem que mal se recorda, mas espera construir laços.
“Ela pensou que sabia o que era solidão, mas estava enganada. Estava sempre acompanhada por uma ilusão, uma crença num falso deus. Um pai mítico. Quando tornasse a vê-lo um dia, repetia-se de tantas maneiras desde os três anos, haveria de sentir-se pelo menos inteira. Mas agora tinha reencontrado Jeremy, e ele não tinha uma conexão maior com ela do que ela com aquele trator largado.”
Inteligente, esperta e destemida, suas aptidões a colocam no topo rapidamente. Primeiro como repórter de um jornal, em seguida à televisão e por fim a um casamento estrondoso com um produtor televisivo chamado Sebastian. No auge de ser promovida para uma emissora de TV em Boston para um trabalho em rede, ela é enviada para cobrir o devastador terremoto que atingiu o Haiti provocando uma série de feridos, desabrigados e mortes.




“Afinal de contas, ela era de fato culpada de ser bem sucedida, um sucesso que só devia a privilégios de nascença. A esperança, para ela, sempre tinha estado presente; as oportunidades eram um direito adquirido, e nunca havia precisado se preocupar com a possibilidade de simplesmente sumir, dissolvendo-se num mar de vozes e de rostos ignorados.”
Até o momento, Rachel era destemida e indômita, mas a crueldade que ela testemunhou no país a desestruturou completamente. Ela acaba sofrendo um colapso quando estava ao vivo o que acabou destruindo sua carreira e seu casamento. Esgotada emocionalmente ela deixa sua vida escapar por entre os dedos se entregando ao exílio, refém de sua própria casa.
“Foi isso que eu virei, ela pensou, uma criatura menos que desprezível.”
Em uma de suas ocasionais e raras saídas de casa, justamente no dia que foi sacramentando o divórcio, ela encontra Brian Delacroix em um bar. Felizmente ele está a auxilia, defendendo-a e ajudando-a a se recuperar de uma rodada de pânico e agorafobia.
“Meu divórcio foi hoje”, ela contou. “Perdi meu emprego — não, melhor dizendo, encerrei a minha carreira — seis meses atrás, como você sabe, porque tive um ataque de pânico no ar. Passei a morrer de medo das pessoas, não de certas pessoas, mas das pessoas em geral, o que é bem pior. Vivi os últimos meses praticamente trancada em casa. E quer saber a verdade? Tudo o que eu quero é voltar logo para lá. Brian, eu não gosto de nada em mim mesma.”
Eles acabam engatando um relacionamento e Rachel encantada com o luxo que encontra no apartamento de Brian em Boston, começa a ficar sempre dentro de casa. Completamente isolada e mentalmente desequilibrada, começa a duvidar que a pessoa com quem ela está se relacionando e mantém seu vínculo com o mundo, está levando uma vida secreta. Ela começa a suspeitar de tudo que o cerca, suas motivações, suas viagens, se ele realmente a ama ou se somente a está usando por motivos egoístas. Essa constante e inquietante sensação de paranoia cresce num ritmo alucinante o leitor é sugado para a história enquanto Raquel tenta entender uma série de acontecimentos misteriosos que transformarão para sempre sua vida.
“As mãos de Rachel começaram a tremer diante dos seus olhos: e ela se perguntou se aquelas joias, aquela carne e aqueles ossos, alguma coisa, qualquer parte da vida dela, era mesmo de verdade. Os últimos três anos tinham começado a passos vacilantes, e depois se transformaram numa clara ascensão de volta à sanidade mental, à reconquista da sua vida e da sua identidade, uma sequência de passos inicialmente miúdos mas cada vez mais firmes em meio a um tsunami de insegurança e pavor. Uma cega vagando pelos corredores de uma casa que não conhecia, e onde nem se lembrava de ter entrado.”
A história ganha intensidade e vigor ao acompanhar a loucura de Rachel que ganha cada vez mais força ao aproximar-se dos segredos de Brian. O autor cria circunstâncias emocionantes de tensões, como a agorafobia de sua protagonista ao mesmo tempo em que ela luta por sobrevivência. Essa apreensão permite que o suspense floresça de maneira magistral e torne a leitura um fator vital.
“E ela própria, Rachel? O que era, além de sempre transitória? Sempre a caminho de alguma coisa. Tão adaptável à viagem quanto qualquer outro, mas nunca a um ponto de chegada.

10 comentários

  1. Oi, Nádya,

    Por ter um tom de mistério, não sei se todo esse enfoque na vida dela, seria suficiente para manter a minha atenção durante a leitura.

    No entanto, esse, pode ser um lado positivo, pelo mesmo passar uma reflexão para o leitor, ao abordar um tema importante, e talvez, conhecido por poucas pessoas.


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  2. Sei lá, acredito que depois de Sobre Meninos e Lobos, cria- se uma expectativa enorme sobre qualquer trabalho do autor. Ao menos, eu criei..rs
    Tenho lido muita coisa positiva sobre este novo livro e estou maluca para ler ele.
    Não só pela possível loucura da personagem, mas por todo o mistério que a envolve.
    Como saber o que é real e o que é apensas paranóia? Já que a ajuda parece ter aparecido rápido demais.
    Com certeza espero ler em breve.
    Beijo

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  3. Olá Nádya! Nunca li nada do autor, mas vi que ele sabe envolver o leitor e prendê-lo na trama com grande maestria. Fiquei intrigada com a história da protagonista e a perda de sua sanidade causa uma grande tensão no enredo. Já coloquei Depois da Queda na minha lista de leituras. Beijos

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  4. Olá, adoro quando um livro do gênero policial consegue manter o leitor grudado na trama ao entregar um ritmo frenético de acontecimentos, e aqui é possível identificar uma evolução bastante expressiva da protagonista, a qual deixa o leitor curioso para descobrir as próximas revelações. Beijos.

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  5. Oi Nádya,
    Sou fã de romances policiais, mas ainda não tive a oportunidade de conhecer a escrita de Dennis Lehane, tenho que corrigir isso e ler um livro do autor. Quem sabe escolho esse livro para a estreia.
    Que enredo eletrizante, parece ser uma trama muito bem elaborada, com um teor de suspense até a última pagina. Ao acompanhar os altos e baixos da vida da protagonista Rachel, sem sabermos o que de fato é real ou da imaginação dela, nessa trama cheia de segredos e conspiração, a leitura tem tudo para ser apreensiva e densa do inicio ao fim.
    Já anotei na lista, quero muito ler.
    Beijos

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  6. Olá Nádya!
    Adorei conhecer o livro, não tinha lido nada sobre ele ainda, parece trazer um enredo mto bom, com personagens marcantes tbm, vou add nos desejados.
    Bjs!

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  7. Nádya!
    Gosto demais de thrillers psicológicos e o autor, sabe desenvolver um enredo que vai conquistando aos poucos e transformando as personagens em verdadeiros retalhos de mosaicos e aos poucos, contituem um todo.
    Mesmo com os excessos cometidos, quero poder ler.
    “O homem está sempre disposto a negar tudo aquilo que não compreende.” (Blaise Pascal)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA JULHO - 5 GANHADORES - BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  8. Olá!Uau, toda a história parece ser bem alucinante que quando começar só vou parar até descobrir todo o desfecho. Quais os mistérios e segredos que cercam a vida da protogonista e o que a levou a matar o ex-marido? Eita que eu preciso descobrir.

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  9. Oi Nádya,
    Quando vi o lançamento do livro no começo do ano, logo me lembrei de como elogiam os livros do autor, e claro, desejei ler e ainda desejo, rs.
    Vamos lá, como o autor adora personagens com o psicológico todo fora do normal não é? Já encontrei isso em outro livro que li, e acredito que esses sejam os que mais me conquistam o leitor, pela curiosidade em volta deles. O romance, por enquanto não me convenceu muito, não vejo isso como característica do autor, pelo menos não no estilo que estamos acostumados.
    No geral, não tenho dúvidas de que é um ótimo livro.
    Beijos

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  10. Olá.
    Eu particularmente não gosto desse gênero,mas acho que é um bom livro para quem busca um trama repleta de mistérios e reviravoltas.

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