Nossas Noites - Kent Haruf

20 de dezembro de 2017

Título: Nossas Noites
Autor: Kent Haruf
Páginas: 157
Ano: 2017
Editora: Companhia das Letras
Gênero: Romance
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon
Nota:  
Sinopse: Em Holt, no Colorado, Addie Moore faz uma visita inesperada a seu vizinho, Louis Waters. Viúvos e septuagenários, os dois lidam diariamente com noites solitárias em suas grandes casas vazias. Addie propõe a Louis que ele passe a fazer companhia a ela ao cair da tarde para ter alguém com quem conversar antes de dormir. Embora surpreso com a iniciativa, ele aceita o convite. Os vizinhos, no entanto, estranham a movimentação da rua, e não demoram a surgir boatos maldosos pela cidade. Aos poucos, os dois percebem que manter essa relação peculiar talvez não seja tão simples quanto parecia. Neste aclamado romance, Kent Haruf retrata com ternura e delicadeza o envelhecimento, as segundas chances e a emoção de redescobrir os pequenos prazeres da vida - que pode surpreender e ganhar um novo sentido mesmo quando parece ser tarde demais.

Resenha:

Addie é uma senhora de 70 anos que depois de viver a vida inteira sendo (e fazendo) o que os outros esperam ela finalmente chuta o balde. Ela dá uma chance para alegria e vai atrás de um pouco de conforto para sua solidão. É através de Louis Walters que a solução aparece. A senhora faz uma proposta um tanto indecorosa, e muito corajosa, para o senhor: que ele passe as noites com ela em sua casa. Mas não é isso que você está imaginando não. Ela propõe ao seu vizinho que eles passem as noites na companhia um do outro, sem segundas intenções, sem maldade, apenas conversando, se conhecendo melhor e quebrando a barreira de solidão atrás de qual ambos se protegiam do mundo. Depois de muito pensar, Louis aceita e passa a sair todos as noites, com seu saco de papel contendo pijama e escova de dente, para dormir ao lado de Addie.

Com o passar das madrugadas nasce entre eles uma amizade muito genuína e doce, preenchendo o vazio que sentiam desde a morte de seus companheiros e debandada dos filhos. Essa amizade dá aos dois velhinhos uma nova motivação para se movimentarem, porque até então eles viviam em uma rotina ligada no piloto automático. O que mais me encantou foi a belíssima representação da vida através desses dois personagens. Ambos reconhecem que sim, já estão mais velhos e não dão conta mais de tudo, mas nem por isso precisam deixar de viver. Não precisam deixar de apreciar as pequeninas coisas e se surpreender com o que o universo prepara para cada um.

A velhice é trabalhada na história de uma maneira muito singela e se eu pudesse definir o livro em uma só palavra seria essa: singela. Tudo é sutil e suave. Os dois amigos quebram o tabu de que envelhecer é decair. Eles mostram que ainda há o que ser descoberto, que o mundo é muito cheio de coisas para você se trancar só porque ficou velho e não dá mais conta de fazer isso ou aquilo. Em determinado momento da história, o neto de Addie vai passar as férias com ela e os três criam laços que mesmo a distância não é capaz de romper. Três “estranhos” se transformam em uma família e trazem alegria para a vida do menino de um jeito encantador.

Na verdade, tudo a respeito da história é encantador. Eu me emocionei de um jeito que não me emocionava fazia tempos. A coragem de Addie para fazer uma proposta dessas para alguém que ela mal conhecia me mostrou que nunca é tarde para lutarmos por nossa felicidade. A determinação com que os dois enfrentaram os mexericos que surgiram na cidadezinha (e não foram poucos) fez eu acreditar que quando perseguimos os nossos sonhos conseguimos ultrapassar todos os obstáculos. A delicadeza como construíram sua relação me provou que nunca é tarde demais. O passado de Addie e Louis é contado no decorrer da história e os vemos se arrepender de várias escolhas e louvar outras. Eles reconhecem seus erros, sua imperfeições e encontram consolo um no outro pelo que “poderia ser”.

A escrita do autor é simples e objetiva, sem entrar em detalhes demais sobre o cenário e os personagens. Os diálogos são muitos e em determinados momentos é quase como se estivéssemos lendo uma peça de teatro ou vendo um filme, tudo corre com naturalidade e fluidez. As falas não são demarcadas com travessões nem aspas, são colocadas no meio da narrativa o que pode incomodar alguns. Mas eu digo que isso é mais um elemento que colabora para a singeleza da história. A construção dos personagens é feita através dos diálogos, sendo que cabe a nós, leitores, conhecermos cada um deles pelas suas palavras a atitudes. Nesse sentido, se prestarmos atenção e nos envolvermos (como a história nos pede que envolva) finalizamos o livro sentindo como se verdadeiramente conhecêssemos cada um dos que fizeram parte da construção dessa narrativa. Em poucas páginas o autor conseguiu transmitir carinho e amor de forma a mostrar que todo mundo, até os que se consideram no fim da vida, têm direito a viver.

10 comentários

  1. Anda me encantando ver a quantidade de livros que tem dado espaço para que histórias de pessoas que já tem uma carga de vida maior, possam ser contadas e claro, sirvam para encorajar outras pessoas também!
    Todos temos direito a sonhar e claro, a ir ao encontro de nossos sonhos, independente de idade ou de outra coisa qualquer.
    Adorei a resenha e quero muito poder conhecer a história incomum destes personagens!
    Beijo

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  2. Gostei dessa história pelo jeito encantador dela e isso de quererem uma companhia, de valorizarem um relacionamento que se baseia no companheirismo um com o outro é bem bonito. Achei legal o tanto de emoções e coisas que ele parece deixar na gente, fazer pensar. Queria ler alguma hora. Parece bonito mesmo.

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  3. É um livro nos traz reflexões, através de uma bela amizade, né?

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  4. Encantador e muito fofo. Ótimo tema abordado. :') Queria ler, uma história doce como essa merece entrar pra wishlist

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  5. Eu vi que esse livro está ganhando bastante notoriedade, li várias resenhas a respeito e apenas uma negativa. Pra falar a verdade, eu não fazia ideia de que tinha um livro, porque eu me deparei com o filme na Netflix e assisti sem pretensões, me surpreendendo com a ótima história - aliás, o filme também é bem singelo e delicado. Mas como foi uma adaptação bem fiel, pelo que vi, não pretendo ler o livro, embora ele pareça trazer várias mensagens muito bonitas! bjs

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  6. Maíra!
    Tão bom ver que mesmo com idade avançada e sem tantas expectativas mais de muitas coisas, os protagonistas conseguem encontrar uma forma de ser felizes sem se importar com a opinião de ninguém, achei fascinante.
    Tremendo absurdo ter de enfrentar preconceito ainda mais da família e já com uma idade mais avançada.
    Deve ser um livro enternecedor e já imagino o quanto vou chorar ao lê-lo.
    Uma semaninha abençoada na paz do Senhor e FELIZ NATAL!
    “Celebrar o Natal é crer na força do amor, é isto que transforma o homem e o mundo. Feliz Natal!” (Desconhecido)
    cheirinhos
    Rudy

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  7. Quando li a sinopse, lembrei que já tinha ouvido falar dele. E a trama deve ser maravilhosa, surpreendente já é com... tudo isso, não que... é difícil colocar em palavras. É algo que toca a pessoa, espero que em 2018 consiga ler.

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  8. Olá!
    Eu já li resenha desse livro e a historia é muito maravilhosa. A forma de escrever e de contar sobre os velhinhos me deixou muito emocionada, uma forma de mostra que mesmo velhinhos pode viver a vida de uma forma tranquila. Quero muito ler!

    Meu Blog:
    Tempos Literários

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  9. Não me interessei muito em ler o livro acho que vou deixar sugestão passar Até porque não é um gênero que eu leio muito e mesmo dentro de sair fora da minha zona de conforto achei a sinopse um pouco chata

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  10. Oi, Maíra!
    Que interessante esse livro!! Acho importante que os autores falem um sobre o processo de envelhecimento, pois todos nós vamos passar por isso. E também e instigante como a estória mostra duas pessoas solidárias que não querem nada mais do que alguém para conversar.
    Bjos

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