Aimó - Uma viagem pelo mundo dos orixás - Reginaldo Prandi

4 de novembro de 2017

Título: Aimó - Uma viagem pelo mundo dos orixás
Autor: Reginaldo Prandi
Páginas: 200
Ano: 2017
Editora: Seguinte
Gênero: Ficção, Literatura Brasileira
Skoob
Onde Comprar: Amazon | Submarino
Nota:       
Sinopse:
Imagine se encontrar, de uma hora para a outra, em um mundo totalmente desconhecido onde você não conhece ninguém e ninguém demonstra saber quem você é. É o que acontece com uma menina nascida na África e levada para o Brasil para ser escrava, e que de repente acorda em um lugar estranho, habitado pelos deuses orixás e pelos espíritos dos mortos que aguardam o momento de seu renascimento. Ela não sabe mais o próprio nome nem lembra de sua família - está sozinha e não tem a quem pedir socorro. Por isso, aliás, ganha o nome Aimó, "a menina que ninguém sabe quem é". Tudo o que ela quer é retornar ao seu mundo de origem, mas para tornar isso possível, Aimó vai partir em uma longa jornada através dos tempos mitológicos, guiada por Exu e Ifá, e vai acompanhar de perto muitas aventuras vividas pelos orixás. Só assim poderá reunir o conhecimento necessário para fazer uma escolha que lhe permita, enfim, voltar para casa.


Como essas, outras lindas imagens
de autoria de Reginaldo Prandi nos
contemplam no decorrer do livro.
Resenha:
Aimó conta a história de uma pequena menina escravizada, que após morrer, acorda num mundo diferente do que conhecia e não lembra seu próprio nome, tão pouco de sua família ou de sua história. Porém, para renascer, voltar a terra e não ser um espírito que vaga, ela precisaria ser lembrada por seus parentes na terra, precisa saber quem é e quem foi.

Como não possui essas informações, ela não possuiu um "orixá de cabeça", que até então, era definido pela família e passado por geração. Olorum, deus que tudo sabe e tudo cuida mesmo em seu descanso eterno, autoriza seus filhos orixás Ifá e Exu a levarem a menina, agora denominada Aimó "a menina que ninguém sabe quem é", para uma verdadeira aventura de autoconhecimento em busca de uma "mãe de cabeça" entre os filhos de Olorum.

Essa história é contada através do ponto de vista das tradições e cultos dos povos nagôs e iorubás, umas das mais antigas, se não as mais antigas religiões africanas, que deu origem ao candomblé. O autor nos leva a locais únicos durante a leitura, e explica de forma fácil tudo o quanto é necessário para sermos capazes de compreender a história mesmo sem qualquer conhecimento desse culto.

Aquela mensagem que a gente deve levar para vida...
Enquanto Aimó conhece suas possíveis "mães" entre as Aiabá (rainha, orixá feminino do candomblé), ela e o leitor embarcam juntos numa enorme aventura, cheia de ensinamentos, com mensagens que às vezes senti que pareciam histórias que meus avós costumam contar, resultado de uma história ancestral recontada num livro lindo e fluído. Na história, Aimó não percebe o passar do tempo como na terra, mas o leitor consegue identificar facilmente o quanto a pequena aprende, cresce e amadurece a cada passada de página.

Diferente de tudo que já li, Aimó trás consigo um grito de liberdade e respeito de arrepiar, de aplaudir! Estou Apaixonada por tudo que li. Estou feliz por poder dizer que fui surpreendida com a história. Aimó é uma menininha forte, que passa por MUITAS COISAS, que é justa e muito inteligente! Ela me encantou com seu jeito, suas tiradas fofas e sua percepção sob as coisas.

 
Nessa foto, esses colares de contas são Guias de Proteção dos orixás Òrìsànlá, Yémánjá e Ògún (Oxalá, Yemanjá e Ogum). O motivo desses acentos diferentes o autor explica no glossário: “O iorubá é uma língua tonal e sua grafia distingue os três tons das sílabas, alto, médio ou baixo indicados graficamente por acento na vogal: grave (`) para tom baixo, agudo (‘) para tom alto. Sílabas sem esses sinais são de tom médio”

Eu encarei a história como parte de algo maior que eu ainda não conhecia e percebi que além dessa forma de interpretação ainda é possível embarcar nessa leitura encarando-a como um mito, e absorver muitas lições ao passar de páginas ou, é possível também, entender como parte real das histórias dos orixás dentro de uma aventura imaginada pelo autor. Garanto que em qualquer uma das formas você corre um sério risco de se encantar, pois são tantas histórias e sensações que o coração chega a ficar quentinho.

Pensando além da estética, talvez no conforto do leitor,
aqui nós não precisamos abri-lo demais
para conseguirmos lê-lo, pois possui um recuo/afastamento
da margem. Permitindo que a leitura flua
até com o livro semi-fechadinho.  
Capaz de envolver já com o sumário e ganhar o leitor com o enredo e suas imagens, Aimó é um livro bem escrito e cheio de lições que deveriam ser aplicadas a vida. As páginas extras Nota do AutorGlossário, Os Orixás e O Oráculo de Ifá  dão o arremate para o leitor compreender a história e até se sentir parte dela. Ficou um gostinho de quero mais, confesso.

Aimó me tirou da zona de conforto e me mostrou que um livro é capaz de tudo, desde que você se proponha a absorve-lo. Rico, lindo e sensível, Aimó é uma verdadeira viagem entre mundos! Um presente para nossa Literatura Brasileira. 

Axé! \o/
Bjs e boa leitura :*

15 comentários

  1. A princípio, dei aquela torcida de nariz..rs Mas quando comecei a ler a resenha, fui me encantando pela força da garotinha, que você, majestosamente, colocou em cada letrinha emocionada aqui descrita!
    Tenho uma fé convicta e é natural sempre ficar meio apreensiva com outras "religiões", mas em contrapartida, tudo que nos tira da zona de conforto, nos engradece, de uma maneira ou de outra! Vai para a lista de desejados com certeza pois quero saber mais, muito mais!
    Beijo

    ResponderExcluir
  2. Oi Jéssica, tudo bem?
    Tão bom quando o livro nos deixa com o coração quentinho <3
    Eu nunca li nada sobre, então adorei saber que o livro é fácil de entender, e tem explicações para o leitor não ficar perdido.
    Sua resenha está linda, passou muito bem o livro pra mim, e me deixou com vontade de ler, o meu gostinho de quero mais é para conhecer mais a história, e saber tudo o que acontece.
    Adorei as fotos que colocou, e como explicou cada uma, referente a última, achei ótimo esse espaçamento, têm livros que dói o coração que tanto que precisa abrir para ler as palavras que ficam quase encostando na lombada.
    Beeeijos!

    ResponderExcluir
  3. Oi Jéssica!
    Confesso que qdo comecei á ler a resenha fiquei com o pé atrás por não curtir mto o gênero, mas sua resenha me ganhou e me chamou atenção, gostei de conhecer o livro, a história dessa menina que agradou, qro conferir em breve.
    Bjs!

    ResponderExcluir
  4. Nossa, que interessante esse livro. Sempre gosto de ler umas coisas que exploram outras culturas, mitos, religiões e coisas antigas assim. É uma forma de aprender um pouco mais e conhecer mais um povo. Parece ter uma escrita bem bonita e se aquece o coração deve ser uma leitura especial. Aimó parece uma menininha que ganha nossa simpatia e amor de cara. Uma boa história pra conhecer e se encantar com essas coisas apresentadas. Ótima dica ^^

    ResponderExcluir
  5. Interessante a proposta do texto. Sendo as religiões de matrizes africana religiões de oralidade, ter um texto desse em mãos deve ser uma experiência bastante esclarecedora. Há um link na resenha que descreve mito a partir da perspectiva grega, entretanto, não foi só o povo grego que construiu seus mitos fundante. Parabéns pela resenha.

    ResponderExcluir
  6. Deve ser por essa oralidade que senti alguns trechos serem como as histórias da minha avó.
    E me sinto honrada com sua atenção e comentário aqui! Como minha resenha não é nem de longe tão rica quanto o livro, indico a leitura e torço p/ que seja um abraço quentinho pra vc como foi pra mim. ��

    ResponderExcluir
  7. Gostei muito da resenha, é muito bom ver um livro que fale sobre essa religião de forma tão cativante, gostei também de o autor falar de forma fácil sobre o assunto, fazendo com que todos até quem não conhece a religião possa entender. Como sou apaixonada por mitos, religiões e culturas antigas concerteza vou ler.

    ResponderExcluir
  8. Jéssica!
    Importante conhecer novas culturas religiosas e entender um pouco mais sobre elas e acoplado a um mundo místico e fantasioso criado pelo autor, deve ser um livro, além de hilário, muito interessante de ler.
    Desejo uma ótima semana de luz e paz!!
    “É prova de inteligência saber ocultar a nossa inteligência.” (François La Rochefoucauld)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA novembro 3 livros, 3 ganhadores, participem!

    ResponderExcluir
  9. Oi Jéssica.
    Eu achei a proposta da história bem interessante, porém esse é um livro que com certeza me tiraria da zona de conforto, porém eu adoro que ela fala de culturas e religiões diferentes das quais costumo ver, estou ansiosa para conhecer a nossa personagem e aprender com ela.
    Bjs.

    ResponderExcluir
  10. Olá! Sem dúvida o livro me ganhou, depois dessa resenha, no inicio, julguei mal a história, mas no decorrer da resenha deu para sentir que o livro nos passa uma mensagem linda, com toda certeza vai para a minha lista, adorei o recuo que o livro tem, pois as vezes fico com uma dorzinha na hora de iniciar a leitura e danificar meu mais novo bebê.

    ResponderExcluir
  11. Nossa, um tema bem diferente dos que temos hoje em dia.
    Não sei se conseguiria acompanhar a leitura sem ficar um pouco perdida pois não faz meu estilo.
    Mas daria uma chance sim, achei bem interessante e curiosa para saber mais sobre autor.

    ResponderExcluir
  12. Oi Jéssica!
    Também seria uma leitura para me tirar de minha zona de conforto, é um tema diferente e mto interessante.
    O que mais me chamou atenção foi conhecer novas culturas e o livro trazer ilustrações que a representa! Melhor ainda saber que faz parte da nossa literatura!
    Beijos

    ResponderExcluir
  13. Olá!
    Eu não conhecia esse livro, a história dele é muito interessante. A forma do autor mostra culturas de tribos de época bem diferente, coisas que não temos conhecimentos. Gostei muito e espero ter experiência com esse livro.

    Meu blog:
    Tempos Literários

    ResponderExcluir
  14. Oi, Jéssica!
    Aimó não faz o meu estilo de leitura, é que prefiro romances, sabe?! Por isso a história da pequena Aimó e sua aventura de autoconhecimento em busca de uma "mãe de cabeça" não despertou o meu interesse... mas como uma leitora de livros nacionais desejo todo sucesso ao Reginaldo Prandi!
    Abraços.

    ResponderExcluir
  15. São poucos os livros que tratam uma menina de forma tão forte, dona de si, que luta, e vai atrás, mesmo se tratando de uma obra que me tira totalmente da minha zona de conforto, sua resenha tão bem elabora foi capaz de me cativar, e de me convencer a dar uma chance a leitura.

    SORTEIO NO AR, VENHAM PARTICIPAR: petalasdeliberdade.blogspot.com.br

    ResponderExcluir