Luz Câmera, Ação!!! O Quarto de Jack

14 de setembro de 2016

Título: O quarto de Jack
Elenco: Jacob Tremblay, Brie Larson, Sean Bridgers, Joan Allen, William H. Macy
Diretor: Lenny Abrahamson
Ano de lançamento: 2015
Classificação: 12 anos
Nota:   
Sinopse: O longa conta a história de Jack (Jacob Tremblay) , um menino de cinco anos que é criado por sua mãe, Ma (Brie Larson). Como toda boa mãe, Ma se dedica a manter Jack feliz e seguro e a criar uma relação de confiança com ele através de brincadeiras e histórias antes de dormir. Contudo, a vida dos dois não é nada normal: eles estão presos em um espaço de 10m². Enquanto a curiosidade de Jack sobre a situação em que vivem aumenta, a resiliência de Ma alcança um ponto de ruptura. Os dois, então, começam a traçar um plano de fuga. Ao mesmo tempo em que conta uma história de cativeiro e liberdade, O Quarto de Jack destaca o triunfante poder do amor familiar mesmo na pior das circunstâncias.
Resenha:
Lançado em 2015, O quarto de Jack é um drama psicológico adaptado do livro “Quarto” de Emma Donoghue, que conta a história de Jack e sua mãe Joy, interpretados pelos atores Jacob Trembley e Brie Larson.

Sequestrada aos 19 anos, Joy é mantida em cativeiro há 7 anos, onde concebeu Jack. Esse garotinho de 5 anos não conhece a realidade do mundo fora do quarto. Seu mundo se resume a este ambiente mágico que sua mãe construiu, tentando preservar sua bondade e inocência e também sua sanidade.

Jack usa sua imaginação para viver dia a dia e entender tudo o que se passa dentro da caixinha da fantasia: a televisão. Ele não conhece nada além das paredes que o cercam e ninguém além de sua mãe e o Velho Nick (sequestrador), que nunca viu, mas cuja voz ouve todas as noites quando se deita para dormir em sua cama improvisada dentro do guarda-roupa.


O mais longe que pode enxergar além dessas paredes, é o céu visto através de sua claraboia.

Seus dias se resumem a acordar, tomar café da manhã, fazer exercícios e tudo da forma mais divertida possível, afinal o que mais essa mãe poderia fazer, senão mantê-lo “protegido” em seu fantástico mundo encantado?

Jack vive nesse ambiente minúsculo e respira o faz de conta da forma mais pura... Conversa com os objetos, cumprimenta cada item do quarto ao levantar e ao ir se deitar. E assim, sobrevive a esse ambiente que tanto agride e incomoda sua mãe.

Joy suportou essa situação até o momento, mas a ideia de que esse pequeno ser que gerou nunca venha a explorar o exterior daquelas paredes, conhecer as pessoas a quem tanto amou um dia como a família e amigos, é algo que não consegue aceitar.

Transtornada por essa reflexão que se torna cada vez mais presente em seus pensamentos, Joy resolve dar uma chance a Jack de salvar suas vidas e garantir que seu futuro não esteja no interior do quarto.

Faz planos e diz que ele terá que se fingir de morto para o Velho Nick e, uma vez fora do quarto, fugir e dizer a pessoa primeira pessoa que encontrar o nome de sua mãe e sua localização. Mas essa tarefa, além de arriscada, não é tão simples... como uma criança que nunca saiu desse cômodo, que tem como única referência de relação e pessoa sua mãe e, acima de tudo, nunca se separou dela, pode aceitar fazer parte desse plano?

Com o coração partido, Joy convence Jack e ambos seguem adiante com o combinado.

Tudo corre bem e ambos podem enfim sentir o gosto da liberdade. Jack finalmente pode fazer parte daquele mundo que Joy tanto escondeu e que ele via na TV e imaginava ser apenas uma brincadeira de faz de conta. E Joy, que acreditava que a liberdade lhe traria sua vida de volta e apenas se preocupava com a adaptação de seu filho ao desconhecido, começa a ter dificuldades para se encaixar novamente no mundo.
A partir daqui, o filme mostra o que o trauma pode causar na vida de uma pessoa, a superação e, muitas vezes a não superação. Mostra quão afetado pode ser o psicológico de uma mulher privada de sua vida por 7 anos, e também a confusão na cabecinha de uma criança que, de repente, vê seu mundo e tudo o que conhecia ficar para trás, para dar lugar a uma realidade totalmente nova, confusa e cheia de incertezas. 
Há muitas coisas aqui fora e, às vezes, é assustador. Mas tudo bem, porque ainda somos só você e eu.
E, por fim, a luta de uma família que tentava superar a ausência de uma filha e agora precisa lidar com sua volta e todas as consequências que veem juntas.

É emocionante ver como Joy vai tecendo esse mundo de fantasia para que Jack possa crescer e se desenvolver longe de toda a maldade, mentira e desespero que sua situação a envolvia. Até mesmo quando atingia seu limite, ou quando Jack em sua inocência própria de uma criança a tira do sério, ela consegue manter a situação sob controle, se anulando e colocando-o em primeiro lugar, afinal, nenhum dos dois tem culpa do que está acontecendo, mas Jack não precisa ser exposto a mais frustrações.

O mais legal desse filme, a meu ver, é que podemos ter a visão de uma criança em uma situação de crise. É como se vivenciássemos a história através dos olhos de Jack, que nos mostra quão ingênua uma criança pode ser e fantasiar até mesmo uma realidade absurda e inaceitável como a vivida por ele. Jack vê o lado bom da situação, ignora a maldade e assim, faz os fatídicos e tensos dias de sua mãe serem um pouco mais alegres e coloridos.

O ator Jacob Trembley, conseguiu transmitir exatamente o que as cenas e histórias exigiam: emoção, inocência, imaginação e, acima de tudo, a estreita relação vivida entre Jack e sua mãe. O fato de terem colocado Jacob com 9 anos para fazer o papel de uma criança de 5 anos, contribuiu para a fidelidade de sentimentos e expressões que o personagem exigia. Quem sabe se tivessem colocado um ator na idade real de Jack, ele não conseguisse transmitir a carga de emoção da situação e do livro. E isso só nos mostra que Jacob honrou sua escolha em ser ator, afinal de contas me fez esquecer que não tinha realmente 5 anos.


Li o livro e não me contive de felicidade por saber que seria adaptado para as telinhas. E toda a minha expectativa foi superada, pois a adaptação ficou maravilhosa e correspondeu de todas as formas.

O caso não é real, porém é inspirado em outras histórias verídicas e Emma conseguiu tecer cenas e personagens tão bem construídos e desenvolvidos, que nos dá a impressão de realmente ser uma história baseada em fatos reais. E para que o filme chegasse o mais próximo do livro, a autora foi convidada a ser roteirista e o resultado é perfeito! Garantindo quatro indicações ao Oscar por melhor filme, melhor diretor, melhor roteiro adaptado e melhor atriz, e não foi surpresa alguma que “O quarto de Jack” ganhou as quatro estatuetas.

Para dar mais veracidade a sua interpretação, Brie Larson se isolou por um mês e seguiu uma dieta bem próxima da que sua personagem comia, para que pudesse realmente transmitir de forma fidedigna.

Este é um filme que te prende do início ao fim não porque há mistérios a se descobrir, ou mundos a ser revelados, mas sim porque o telespectador consegue vivenciar de forma profunda o drama vivido por Joy, a magia criada por Jack e esse vínculo inabalável de mãe e filho. Impossível não se emocionar!
  





 

3 comentários

  1. Que enredo lindo, que resenha maravilhida e que vontade de assistir o filme! 💕

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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