Poder Extra G - Thati Machado

6 de março de 2018

Título: Poder Extra G
Autor: Thati Machado 
Páginas: 240
Ano: 2016
Editora: Astral Cultural
Gênero: Chick Lit, Resenha, Literatura Brasileira, Romance
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon | Saraiva
Nota:    
Sinopse:
Empoderamento define. É por isso e a partir daí que a história de Nina — e de Nico, de Marcela e de Noah — existe. Nina não é uma mulher de tipos. E não apenas por causa dos seus noventa e dois quilos. Nina tem atitude e amor-próprio. Talvez não nessa ordem, mas quem se importa? Ao namorar Marco, ela achava que estava subindo mais um degrau rumo ao topo de sua autoestima. É claro que alguns sinais lhe alertavam do contrário, só que o ego pode ser bastante ensurdecedor quando nos convém. Depois de se dar conta da farsa que era o seu relacionamento, Nina deixa sua vida em São Paulo e parte rumo a Buenos Aires, para um mês regado a argentinos sedutores e muito doce de leite. Ela só não esperava que o país dos hermanos pudesse lhe trazer muito mais do que uns quilinhos extras.
Resenha:

Poder Extra G é um livro marcante, direto, divertido e que possui consciência social na dose desejada para o mundo real. Aqui os personagens são humanos, tem chuva de representatividade para nós, gordas, e apesar de existir um tema central, nenhum drama criado foi diminuído para a personagem principal aparecer. Pelo contrário, Nina traz consigo a bandeira da diversidade e do respeito e abraça com carinho toda dor e dilema de quem aparece em seu caminho, sem necessidade de protagonizar tudo que aparece em sua frente.

Sabe aquele amigo chato, que geralmente não é tão seu amigo e que sempre que você conta algo, seja dor ou alegria, ele tem sempre uma história mais elaborada que a sua pra contar? Então, esse é o chato-protagonista. Aqui nessa história, apesar de Nina ser uma protagonista XG, ela não é assim,  e despretensiosamente dá espaço para amarmos e odiarmos todos os personagens que surgem. Uma protagonista educada, graças a uma autora antenada!

Ainda estou envolvida com a história e confesso que precisei de pelo menos 24h pra organizar as ideias e escrever pra vocês, pois ao fim da leitura não consegui dizer nada além de “nossa!”, claro, de forma muito positiva!

A história é narrada em primeira pessoa, na maior parte do tempo por Nina, que conversa e divaga durante a narrativa com o leitor, sem se perder ou deixar a leitura cansativa. Pelo contrário, suas observações são sempre muito bem colocadas, divertidas e descontraídas.
“Quando o assunto é queijo, meu sobrenome vira Jerry – e eu tenho certeza que você conhece, afinal, que criança não passou a infância curtindo esse desenho que só muitos anos depois eu percebi que não tinha fala?” Pág 97- Nina
Nina é uma mulher que passa por todos os conflitos que uma mina gorda passa. A diferença é que com o tempo, porém ainda muito cedo, ela aprendeu a se amar e se admirar do jeitinho que é, e o que diziam a respeito dela pouco importava.

Confiante e apaixonada por seu namorado, a jovem acredita estar no controle de sua relação com Marco. Porém, a paixão não permitiu que ela pulasse fora antes de ter o coração partido da pior forma possível: preconceito. Marco é filho de uma mulher muito amarga, que confecciona roupas pra mulheres magras e acredita que Nina precisa CABER no padrão que ela tem como o certo. Tudo isso estava fadado a dar errado, né?

Felizmente essa história termina antes de virar um desastre, claro, não que tenha terminado bem. Afinal, o que poderíamos esperar de um cara preconceituoso e “pau mandado”? O coração de Nina fica dilacerado, apesar do desfecho já ser esperado. E se é pra chorar e comer porcaria, que seja em grande estilo. E a jovem editora, revisora e tradutora decide aproveitar sua férias em Buenos Aires e curtir seu pé na bunda em grande estilo! E aí meu bem, toda a mágica acontece.

 Embarque nessa história, se jogue e se permita conhecer também os prazeres gastronômicos guiados por Nina, bem como parte de sua play list brega que vai de Fabio Jr a Thalía. E confesso, ouço os dois e não ligo de ser brega! Então aproveite!
Não, aqui não tem nada de conto de fadas, pelo contrário, tem um tempero caliente e uma pitada de protagonismo digno do que as mocinhas fortes, destemidas e resistentes de novelas mexicanas sofrem. E pra aquecer nosso coração e mudar algumas certezas de Nina, um argentino chamado Nico, “que não precisa de um tanquinho para ser gostoso”, aparece e deixa a moça na maior dúvida! Pois, apesar de dançar bem, seduzir como ninguém, ser super atencioso e carismático, o gato toma a atitude que esperamos das moças e decide que NÃO VAI PRA CAMA NO PRIMEIRO ENCONTRO! Pode isso produção?

Óbvio que isso é algo marcante e que comum ou não, eu não esperava. O grande ponto da história, durante essa passagem é que Nico chega pra mostrar o que é FAZER A DIFERENÇA na vida de alguém! Um cara que quebra convenções e que mostra que algo pra ser forte independe de tempo. Com isso, mostra a Nina que ela é realmente tudo aquilo que acredita que é e que tem DIREITO e razões para ser assim! Sem contar que na medida certa, ele mostra o que é um cara “dama na rua e puta na cama”. Hahaha - desculpem o trocadilho e o palavrão, mas foi inevitável!
“- O que é mais importante pra você: o tempo ou a intensidade que as coisas se dão? Até onde sei, dois anos de relacionamento com aquele banana do Marco não chegam nem perto das três semanas ao lado do meu irmão” - Noah Pág: 99
Durante a leitura muita admiração foi crescendo no meu coração, uma porque achei incrível a forma como a autora abordou tantos assuntos polêmicos num livro só, como a transexualidade e identidade de gênero, por exemplo. Nina é uma verdadeira militante em prol de todos aqueles que a sociedade insiste em não ver. Outra porque considerei a narrativa fluída e envolvente! Por não se prender a um único tema, a autora fez com que a narrativa fosse além do esperado, com isso foi capaz de deixar boas lições pra qualquer pessoa que se proponha a ler esse romance.

Esse livro é a cara da diversidade, não é um livro pra gordas, gordos, trans ou simpatizantes. Esse é um livro para GENTE, para pessoas que lidam com pessoas. Pra quem precisa e pra quem tem empatia! Um livro capaz de questionar atitudes e refletir verdades! Rico, carismático, sério, divertido e quente! O tempero na medida certa para agradar e inquietar qualquer leitor!

Sem dúvidas, recomendo e considero essa a melhor leitura de janeiro!

Bjs e Boa Leitura 

10 comentários

  1. Já quis tanto este livro e por conta dele, perdi um livro que eu gostava demais. Acabei fazendo uma troca livro por livro no Skoob e nunca recebi esse aí :/ e perdi O Mundo de Sofia(triste)
    Acabei desistindo de ler ele depois disso, na época eu sofri pacas..rs
    Mas tudo que li a respeito deste livro é positivo. Tanto a escrita da autora, como o amor próprio e a realidade ali exposta, como a realidade de tantas de nós.
    Se tiver oportunidade, ainda quero poder ler em breve.
    Beijo

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  2. Oii Jéssica!
    Tenho mta curiosidade de ler esse livro, até pq eu preciso mto conhecer a história pq me identifiquei em mtos pontos acompanhando resenhas sobre o livro, espero mto ter uma oportunidade de ler logo...
    Bjs!

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  3. Oi Jéssica.
    Adorei a premissa desse livro.
    Gostei de saber que é abordado vários temas importante, como identidade de gênero, com uma narrativa envolvente e que a protagonista é forte e se aceita como é. Precisamos de mais protagonistas fora do "padrão", pois ninguém é igual a ninguém e não se deve se sentir inferior por suas diferenças.
    Já quero ler esse livro!
    Adorei a capa!
    Beijos

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  4. Oi, Jéssica.

    É de extrema importância a lição que a autora, através da Nina, trabalha e passa para os leitores... Como por exemplo, a aceitação. A aceitação do seu semelhante e também a aceitação do próprio corpo!

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  5. Uma resenha espetacular!!! Realmente Thati veio para dar voz as pessoas que existem na vida real... Um romance que você se apaixona logo nas primeiras páginas!! Leiam a Thati, leiam nacionais ❤❤

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  6. Jéssica!
    Achei que seria mais um daqueles livros que a protagonista teria de emagrecer para encontrar o par ideal, e fiquei bem feliz em ver que ela foi é curtir a vida.
    Muitas coisas dentro de um enredo, hein?
    Já me identifiquei com a protagonista porque vestia 56 e agora visto 46, por problemas de saúde tive de mudar alimentação radicalmente, me sinto bem agora e me sentia bem antes, nunca tive problemas por causa disso.
    Ser gorda nunca me fez me sentir diminuída.
    E gosto de chick-lit.
    Gostaria de ler.
    Bom domingo!
    “Quando choramos abraçados e caminhamos lado a lado. Por favor amor me acredite, não há palavras para explicar o que eu sinto...” (Renato Russo)
    cheirinhos
    Rudy
    TOP COMENTARISTA MARÇO: 3 livros + vários kits, 5 ganhadores, participem!
    BLOG ALEGRIA DE VIVER E AMAR O QUE É BOM!

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  7. Olá! Nossa que bacana esse livro, confesso que não conhecia, mas curti bastante o enredo, pois trata de personagens mais verdadeiros, sabe! Já me identifiquei com a Nina e adorei saber que ela é empoderada e resolve curar o coração em grande estilo. Grande surpresa saber que é nacional, ebaaa mais um para a listinha.

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  8. Olá Jessica,
    Não conhecia o livro e gostei da sinopse e o que ele representa.
    A maioria dos livros que eu leio, as protagonistas são sempre magras.
    fora os assuntos importantes que a autora parece abordar nesse livro que deveria ser mais abordados
    Fiquei curiosa pra ler

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  9. Oi Jéssica!
    Que livro maravilhooooso e que todos deveriam ler (inclusive eu que ainda não li mas pretendo ler o mais breve possível).
    Só pela sua resenha vi a diversidade enoooorme de temas que esse livro possui. É um romance que mostra esse preconceito que existe mesmo. Amei muito a história e a Nina também!
    Ele foge daquele velho clichê, que apesar de eu amar também é bom a gente fugir do igual sempre. Adorei, excelente dica!
    Bjs

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  10. Oi Jessica!
    Nao sabia da existência desse livro, mas agora estou interessada. Eu também sou gorda então ver essa representatividade é sempre muito bom. outro ponto que me chamou a atenção na sua resenha foi a questão dela dar espaço pra outros assuntos e não achar que tudo é a respeito dela. Parabéns pra autora por ver esse lado e criar a Nina.

    Bjs

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