Neuromancer - william Gibson

27 de fevereiro de 2019

Título: Neuromancer
Autor: William Gibson
Páginas: 320
Ano: 2016
Editora: Aleph
Gênero: Ficção Científica
Adicione: Skoob
Onde Comprar: Amazon | Submarino | Americanas
Nota:    
Sinopse: Considerada a obra precursora do movimento cyberpunk e um clássico da ficção científica moderna, Neuromancer conta a história de Case, um cowboy do ciberespaço e hacker da matrix. Como punição por tentar enganar os patrões, seu sistema nervoso foi contaminado por uma toxina que o impede de entrar no mundo virtual. Agora, ele vaga pelos subúrbios de Tóquio, cometendo pequenos crimes para sobreviver, e acaba se envolvendo em uma jornada que mudará para sempre o mundo e a percepção da realidade.

Evoluindo de Blade Runner e antecipando Matrix, Neuromancer é o romance de estreia de William Gibson. Esta obra distópica, publicada em 1984, antevê, de modo muito preciso, vários aspectos fundamentais da sociedade atual e de sua relação com a tecnologia. Foi o primeiro livro a ganhar a chamada “tríplice coroa da ficção científica”: os prestigiados prêmios Hugo, Nebula e Philip K. Dick.

Resenha:
Case vive às margens da sociedade realizando pequenos delitos para sobreviver. Utilizando a Matrix como sua principal ferramenta de trabalho, Case segue uma filosofia de viver cada vez menos pela própria carne em favor de uma maior permanência na realidade virtual. Entretanto, tentando passar a perna em um de seus contratantes, teve seu sistema nervoso danificado como castigo, sendo este o principal componente para conexão com a realidade virtual. Seguindo agora uma vida sem proposito, desregrada e suicida, Case vaga por lugares periféricos do Japão, apenas sobrevivendo os dias que passam, se contentando com as lembranças onde sua mente e seu ser eram alimentados pela Matrix.

O jogo aparenta virar quando Molly, uma Samurai Urbana, e Armitage, um ex-militar com uma mórbida perfeição a ponto de causar calafrios, cruzam o seu caminho. Armitage revela a Case que precisa de ajuda para um trabalho, sem se aprofundar nos detalhes. Um dos pagamentos do trabalho seria o conserto do pequeno problema de Case com sua conexão à Matrix, pois a realidade virtual simulada seria o principal meio de se alcançar o objetivo da missão, e nada cairia tão bem quanto um cowboy experiente no trabalho. Molly também é um mistério, com seus implantes que a tornam mais uma máquina assassina do que humana. Entretanto, não tarda para que ela e Case se identifiquem um com o outro e passem pela missão nutrindo estranhos sentimentos recíprocos.
Pense no Samurai Urbano como um mercenário com perícias nas armas mais mortais e uma pitada de melhorias cibernéticas, próteses e outros componentes eletrônicos instalados no seu próprio corpo, para que matar se torne uma tarefa mais fácil.

A construção da história é incrível. Gibson foi criativo para apresentar o ponto de vista de Molly através do simstim, sem que Case perca seu papel de protagonista na história. O mundo onde o enredo se passa é extremamente bem pensado, criativo, mas fácil de lidar, se pensarmos no rumo em que a sociedade tomaria caso os grandes conglomerados conseguissem uma força maior do que a do próprio estado num futuro não tão distante. A vibe punk, a contracultura e a resistência está presente em cada personagem importante, e uma estranha noção de heroísmo surge de hackers delinquentes, assassinos bem treinados e militares pouco ortodoxos, que se mantém em pé frente à esse novo mundo movido pelo mais puro corporativismo.

É desnecessário lembrar a importância de Neuromancer para o gênero Cyberpunk. Gibson não criou o gênero, mas obteve um sucesso inquestionável consolidando esse novo tipo de ficção cientifica e inserindo suas características em diversas gerações seguintes. Se você gosta de Matrix, Ghost in the Shell, se joga Shadowrun em mesas de RPG ou até mesmo espera ansiosamente pelo lançamento de Cyberpunk 2077, saiba que todos beberam da fonte do livro, e não é nem um pouco difícil encontrar características dele nas mais diferentes mídias por aí.

Até mesmo o cenário musical foi influenciado pela história de Gibson. A versão atualizada da Editora Aleph conta com algumas páginas dedicadas às influências do livro para a cultura pop, e mesmo a banda U2 foi infectada pelo universo distópico de Case. A banda Dope Stars Inc., que não nega de onde vieram suas influências, também tem um CD duplo intitulado "Neuromance", de 2005.
Neuromancer foi inquestionavelmente um marco para sua época. Mesmo depois de mais de trinta anos de lançamento da sua primeira versão, a escrita continua atual e se renova a cada releitura feita. Os pequenos detalhes que montam esse universo são abundantes, sendo fácil descobrir pequenas novas nuances do enredo. Se você é fã de cenários noir com anúncios de neon e hologramas, próteses avançadas, aperfeiçoamento cibernético e todas as outras características desse tipo de mídia que pipocou nos meados dos anos oitenta, passou da hora de conhecer o mais importante livro do gênero. Se nada disso te agrada, a leitura de um clássico que praticamente ditou como toda historia futurista seria após seu lançamento ainda vale muito a pena.

3 comentários

  1. Oi, Michel
    Ainda não conhecia o livro, depois de ler sua resenha fui pesquisar mais do livro.
    Esse é o primeiro livro de uma trilogia, espero que você traga a resenha dos próximos livros.
    Gostei muito da trama e fiquei curiosa para saber se Case voltou na ativa no mundo virtual, se consegue se livrar da toxina.
    Beijos

    ResponderExcluir
  2. Que legal, não conhecia a história e nunca li nada do gênero mas fiquei fascinada.
    Acho que os dois personagens são misteriosos e têm características que se juntadas podem mudar o rumo da história e o romance parece incrementar tudo isso. Fiquei interessada na leitura

    ResponderExcluir
  3. Olá! Confesso que ficção não é lá muito minha praia, mas o enredo é bastante intenso e interessante, ainda mais sabendo, que mesmo tendo sido escrito há três décadas, tem uma linguagem bem moderna, uma ótima oportunidade para começar a me arriscar mais com o gênero, dica anotada e lista aumentada (risos).

    ResponderExcluir